Secretário-geral da SBG e oftalmologista do Centro Oftalmológico e do Instituto de Olhos Pampulha, ambos em BH, Emilio Suzuki cita uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2013 que ilustra a desinformação sobre o glaucoma no país. O levantamento encomendado pela própria SBG entrevistou mais de 2 mil pessoas em várias cidades do Brasil e mostrou que as pessoas não sabiam que o glaucoma era uma doença dos olhos e acreditavam que a enfermidade tinha cura.
Coordenador do Departamento de Glaucoma do Hospital de Olhos Rui Marinho, o oftalmologista Marcos Vianello cita ainda outro dado alarmante em relação ao cuidado do brasileiro com a saúde dos olhos. “Pesquisa da SBG mostra que 40% dos brasileiros nunca foram ao oftalmologista e 20% foi apenas uma vez. Os outros 40% visitam com certa regularidade o oftalmologista”, afirma. O especialista alerta que exames em óticas e exames feitos no Detran não podem ser considerados exames de vista e pede para que toda a população exija em uma consulta com o oftalmologista, a medida da pressão ocular e o exame de fundo de olho. “O paciente deve cobrar do médico esses procedimentos”, afirma.
O especialista explica que o primeiro sinal da doença é a pressão ocular aumentada, apesar de existirem casos de glaucoma com pressão ocular baixa. “O nervo óptico é uma estrutura muito delicada responsável por fazer a ligação do olho com o cérebro.
O oftalmologista alerta que a sensação de enxergar bem não significa olho saudável e recomenda a ida ao oftalmologista uma vez ao ano a partir dos 2 anos de idade. “O glaucoma tem alguns tipos principais como o congênito, ou seja, a criança já nasce com a doença e os principais sintomas nesse caso são fotofobia, lacrimejamento excessivo e a parte escura do olho com aparência esbranquiçada. O tratamento deve ser imediato. Outro tipo é o glaucoma juvenil que atinge a população entre 5 e 15 anos.
Segundo Emílio Suzuki, é o exame de fundo de olho que mostra a estrutura do nervo óptico. Outro exame utilizado para diagnosticar a doença é o de campo visual. “É um teste que avalia a visão periférica lateral. Jogam-se pequenos estímulos na lateral para ver se o paciente consegue percebê-los”, explica o secretário-geral da SBG. Em consonância com o tratamento, pacientes diagnosticados com glaucoma devem fazer esses dois exames entre uma e duas vezes ao ano.
A boa notícia em relação ao tratamento de glaucoma é que o uso diário de um único colírio já pode interromper a evolução da doença e a rede pública já distribui muitos dos colírios utilizados no tratamento, antes considerados de alto custo. Obviamente, como em toda doença crônica, o sucesso do tratamento exige que o paciente siga à risca a recomendação do médico.
Catarata: cegueira reversível
Estima-se que mais da metade dos idosos no mundo tem catarata. No Brasil, 120 mil pessoas recebem o diagnóstico da doença anualmente. O primeiro sintoma é o embaçamento da visão até à cegueira. A OMS afirma que a enfermidade é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, o que representa cerca de 20 milhões de pessoas. Ao contrário do glaucoma, a cegueira é reversível.
O colírio que reverte a catarata foi testado apenas em animais e ainda é uma realidade distante para o tratamento da doença. Marcos Vianello explica que a cirurgia que reverte a cegueira é rápida e confortável para o paciente, embora tecnicamente seja difícil. “Para um bom resultado é preciso um bom cirurgião, bons exames pré-operatórios, boa aparelhagem cirúrgica e um bom acompanhamento pós-operatório. Em mãos pouco habilidosas e em condições adversas, o risco é grande. Por isso, ainda vemos um série de tragédias no Brasil com mutirões que são realizados sem que todos os critérios de segurança estejam contemplados”, alerta.
Existem dois tipos de cirurgia para a catarata, a convencional, que é a mais utilizada no país, e a laser. “O que impede que mais cirurgias a laser sejam realizadas é o custo financeiro. É uma técnica mais segura, mas que ainda não é oferecida pelo Sus e os planos de saúde também não cobrem o procedimento”, explica Marcos Vianello. Segundo ele, em Belo Horizonte, apenas quatro hospitais oferecem essa modalidade de cirurgia para catarata. “A convencional é o tipo de cirurgia oftalmológica mais realizada no mundo. E na maioria dos casos, o resultado é ótimo. Hoje em dia, a cirurgia de catarata possibilita corrigir erros refrativos como vista cansada, miopia, astigmatismo e o paciente fica independente dos óculos mesmo na terceira idade”, diz.
Dia Nacional de Combate ao Glaucoma
A lei federal 10.456, de 2002, instituiu o dia 26 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. Nesta data, acontecerão diversas atividades pelo país com o objetivo principal de informar e conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce para se evitar a cegueira por glaucoma. Nesse dia, a Sociedade Brasileira de Glaucoma vai iluminar o Cristo Redentor de verde.
Exames de graça em BH
Em Belo Horizonte, o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma será celebrado na Praça da Liberdade. Das 9h às 16h, serão oferecidos exames de aferição da pressão intraocular e exames de fundo de olho usados para detectar glaucoma e catarata em estágios iniciais. Todos os exames serão realizados em uma estrutura de consultórios, criados dentro de uma carreta que ficará estacionada em frente ao Museu das Minas e do Metal. A primeira ‘Blitz da Saúde Ocular de BH’ é uma realização do Hospital de Olhos Rui Marinho.
Catarata e glaucoma são as duas principais causas de cegueira no mundo. Ambas são assintomáticas e quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o resultado visual. Além disso, o tratamento para as duas enfermidades são eficazes.
Glaucoma
O que é
A principal característica do glaucoma é o aumento da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico. Silenciosa, ela evolui sem que o paciente sinta qualquer desconforto. O primeiro sintoma já é o comprometimento da visão periférica. A doença evolui progressivamente diminuindo o campo visual até o paciente ficar cego. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para que o comprometimento visual seja o mínimo possível. O glaucoma é considerado uma doença crônica. Ou seja, não é reversível.
Fatores de risco
Pessoas da raça negra, quem tem mais de 40 anos, quem tem parente de primeiro grau com glaucoma, pessoas com alto grau de miopia (acima de 6 graus), usuários crônicos de corticoides e pacientes que passaram por cirurgia de correção de grau. Todas essas pessoas devem fazer uma visita anual ao oftalmologista.
Tratamento
Em 80% dos casos, o tratamento é feito com o uso diário de colírio para abaixar a pressão intraocular. O objetivo é estacionar ou diminuir a velocidade de progressão da doença já que o glaucoma não é reversível. A opção cirúrgica pode ser necessária nos casos em que nenhum colírio funcione. Como toda doença crônica, é necessária a adesão do paciente ao tratamento.
Catarata
O que é
A catarata é uma lesão ocular que atinge o cristalino tornando-o opaco. O cristalino fica localizado atrás da íris e sua transparência permite que os raios de luz o atravessem e alcancem a retina para formar a imagem. Quando ele se torna opaco, a visão fica comprometida. A doença evolui de forma lenta e costuma afetar primeiro um dos olhos. A cegueira causada pela catarata é reversível.
Fatores de risco
Não há como evitar a predisposição genética e nem o envelhecimento do cristalino. Algumas medidas preventivas, no entanto, podem ser tomadas para reduzir alguns fatores de risco para o desenvolvimento da doença: não fumar, proteger-se contra a radiação ultravioleta (principalmente UVB), controle do diabetes e evitar o uso de corticoides.
Tratamento
O tratamento para a catarata é cirúrgico e, após o procedimento, o paciente volta a enxergar. Simples e rápida, a cirurgia é feita com anestesia local e consiste em substituir o cristalino por uma lente artificial que recupera a visão perdida. Essa lente pode ser de vários tipos e corrige diferentes problemas na visão. Assim, depois da cirurgia, o paciente eliminaria também os óculos sejam eles para perto ou longe.
Principais causas de cegueira no mundo
1º lugar: Catarata
2º lugar: Glaucoma
3º lugar: Degeneração macular relacionada à idade
4º lugar: Retinoplastia diabética.