As drogas quimioterápicas tradicionais desencadeiam um processo de suicídio celular, chamado apoptose, nas linhagens cancerosas. Todas as células do corpo têm esse mecanismo, que é ativado assim que uma delas sofre um dano grave. Diariamente, milhões de células morrem naturalmente pelo processo apoptótico, algo crucial para que o corpo funcione normalmente. Contudo, as células tumorais encontram meios de transtornar esse balanço entre sobrevivência e morte. Apesar dos medicamentos agressivos, elas conseguem suprimir a apoptose, o que as deixa resistentes ao tratamento.
“Nossa pesquisa revela que a necroptose, um programa alternativo de morte celular, pode ser ativada nas células humanas de leucemia. Isso mata mesmo aquelas células que mal respondem à quimioterapia”, conta Jean-Pierre Bourquin, um dos autores do trabalho, publicado na Science Translational Medicine.
Para testar a eficácia dessas substâncias, chamadas mimetizadoras SMAC, o grupo usou ratos com células de leucemia humanas. Os cientistas mostraram que um terço das células resistentes à quimioterapia é extremamente sensível às SMAC e acaba morrendo. Em seguida, os pesquisadores lançaram mão do Crisp, o método de edição genômica, e descobriram que tanto a apoptose quanto a necroptose dependem da RIP1 kinase.
Por isso, para fazer as células serem resistentes, precisa-se desativar os genes associados à apoptose e à necroptose. Da mesma forma, a ativação simultânea de ambos os mecanismos nas células cancerosas é o segredo para matá-las. “As mimetizadoras SMAC têm grande potencial de eliminar células leucêmicas em pacientes que são resistentes às drogas quimioterápicas estabelecidas”, diz Robenhausiense. Agora, os pesquisadores buscam biomarcadores que ajudem a identificar os pacientes que poderão se beneficiar do tratamento com as SMAC em testes clínicos..