Um caso que causou comoção na internet foi o de Iris Grace, 6 anos, e seu gato, Thula. Autista, ela quase não falava e pouco saía de seu mundo particular. Aos 4, porém, Iris ganhou o felino de presente dos pais e viu sua vida mudar completamente. A menina inglesa começou a interagir, conversar, sorrir... Um verdadeiro renascimento.
Hoje, a ciência já reconhece os benefícios trazidos pela relação homem-animal. Os pets promovem saúde física e emocional e, quando se trata de pessoas especiais, eles podem verdadeiramente auxiliar no desenvolvimento psicomotor e na linguagem.
Alaíse Zimmermann é mãe de Alexandre, 11 anos. Ele tem autismo e é dono do Tody, um cachorrinho da raça daschshund.
“O Alexandre gosta de atiçar o cachorro. Não pode vê-lo ali quietinho que vai brincar. Ele adora correr atrás do Tody e os dois se divertem”, conta a mãe. Mas, quando Alexandre está bravo ou leva bronca, também briga com o animal. “Muitas vezes, ele quer bater no Tody, quer descontar a raiva nele. Só que o Tody não deixa. Ele rosna como quem diz que não gostou da atitude, e o Alexandre se aquieta e sai de perto.”
Os pais de Alexandre sempre o ensinaram a dar ração e água ao cãozinho. Quando o assunto é o incentivo da fala, Alaíse afirma que houve mesmo uma melhora, ainda que discreta. “Quando o Tody está calado no canto, o Alexandre gosta de ficar mandando e desmandando nele. Ele diz: ‘Para, Tody, fica quieto’. E eu acho graça”. Mesmo com repetições ou poucas palavras, o estímulo é claro.
“Uma vez estávamos todos deitados para dormir e o Tody começou a latir.
Quando Victor tinha 9 anos, pediu à mãe um cachorro que pudesse ficar com ele o tempo todo, e assim ganhou Biba, uma poodle. “Desde o primeiro dia de Biba em casa, Victor teve todos os cuidados com ela. Sempre gostou de dar comida, água e passar o tempo todo ao seu lado. Só largava a cadela na hora de dormir”, conta a tia. A ligação dos dois era enorme. “Quando Victor estava triste, ele se trancava no quarto com a cadela e só saía quando estivesse se sentindo melhor.”
Cães são muito observadores.
De fato, os cães têm grande influência no comportamento das crianças especiais. Os níveis de estresse tendem a diminuir e a sociabilidade, como condutas afetivas e contato visual, a aumentar. A agressividade, tanto verbal quanto física, e o isolamento também são minimizados. Tainá tem 26 anos e é autista. A mãe, Cláudia Martiningo conta que a filha sempre gostou de cachorros e logo quando adotaram a cadela Cindy foi fácil perceber a ligação da menina com os animais. “Ela tinha só 10 anos e o encantamento foi imenso! Sempre ia brincar e fazer carinho. Ela adorava e não desgrudava.”
Quando decidiram ter a cadela da raça akita, foi pensando em uma possível melhora no desenvolvimento da filha. Cláudia procurou conhecer melhor o assunto e buscou a opinião de terceiros. Além disso, a mãe pensava que a filha era muito sozinha, pois estava sempre quietinha e não gostava de conversar. Hoje a família tem Nalu, uma golden retriever de um pouco mais de 1 ano, que é a melhor amiga de Tainá. As duas se deram muito bem desde o primeiro contato e são apaixonadas uma pela outra. “Quando ela chega em casa da escola, a primeira coisa que faz é ir lá e falar com a Nalu. Ela já começa a latir e vai correndo pegar a bolinha.” Cláudia conta também que a cadela é o refúgio de Tainá. Nos momentos em que ela está triste, a Nalu é seu primeiro destino. A menina senta-se do lado da cadela e fica conversando, contando tudo que acontece. Ela tem a cachorrinha como uma confidente.
A mãe relata a melhora da jovem. Trouxe calma e, além disso, ajudou no desenvolvimento da fala, uma vez que Tainá conversa muito com a mascote, manda pegar a bolinha e diz palavras de carinho. “Penso que cada criança especial é de uma forma, mas não custa nada tentar uma aproximação com os animais para ver como ela responde”, acrescenta Cláudia..