Com o passar do tempo, os sintomas de artrite reumatoide podem se agravar e, com isso, tarefas diárias podem se tornar difíceis de ser realizadas, ocorrendo danos permanentes nas articulações. O fato de ocorrer mais comumente entre as idades de 30 a 50 anos, em plena idade laboral, mostra o grande impacto na trajetória profissional desses pacientes. Mais prevalente em mulheres do que em homens, os pacientes com artrite reumatoide não têm esperança de cura. O objetivo do tratamento é maximizar, por longo prazo, os aspectos de saúde na qualidade de vida do paciente, com o controle dos sintomas, prevenção de danos estruturais, normalização da função física e participação social.
Segundo o reumatologista Ricardo Xavier, chefe do serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e coordenador da pesquisa para toda a América Latina, a artrite reumatoide pode se tornar uma doença bastante debilitante, com forte impacto negativo em vários aspectos na rotina paciente.
O estudo revelou, por exemplo, que 80% dos pacientes entrevistados, dos quatro países, em média, reportaram problemas com dor e desconforto. Os brasileiros relataram mais enfaticamente o impacto negativo da doença na maioria dos aspectos avaliados, apesar de tendências semelhantes apresentadas nos quatro países. Os brazucas também apresentam a menor taxa de empregabilidade (40%), enquanto os argentinos a maior, com 73% dos pacientes empregados, seguidos pela Colômbia (61%) e México (54%). Em relação à sensação de dor e desconforto, os sintomas são reportados por 83% dos brasileiros, contra 67% dos argentinos, 70% dos colombianos e 71% dos mexicanos. “Embora tendências semelhantes tenham sido observadas em todos os quatro países, os pacientes brasileiros reportaram ser mais afetados na maior parte dos aspectos avaliados”, lamenta Ricardo Xavier.
O estudo, agora, que segue com outras análises, quer compreender a razão da discrepância entre os países latinos. “Colômbia, México e Argentina apresentaram resultados similares, próximos àqueles encontrados nos países europeus. Por que o Brasil tem dados piores? O desafio agora é explicar essa situação, que pode impactar nos protocolos de tratamento e no modelo de assistência oferecido no Brasil”, acrescenta Xavier.
Nem todos os piores dados, contudo, são brasileiros. A Colômbia lidera em horas de trabalho perdidas em função da enfermidade. A Argentina, por outro lado, tem mais horas efetivamente trabalhadas. “Mas quanto se olha para as variáveis de quanto a enfermidade afeta o trabalho, em todos o Brasil vai pior”, lamenta.
O reflexo da doença no país, contudo, pode dar uma ideia do impacto na vida dos nossos pacientes e ajudar na avaliação de custo/efetividade dos tratamentos, ajudando agências e o governo a definirem estratégias e medicamentos. “Como não tínhamos um estudo brasileiro nesse sentido, tínhamos menos subsídios para levar a quem dita o tratamento”, complementa o reumatologista. Os dados do estudo são baseados na percepção e no relato de pacientes sobre o impacto da artrite reumatoide na sua qualidade de vida e produtividade no trabalho.
* A repórter viajou a convite da Abbvie.