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A alta taxa de abortos nos países mais pobres ilustra a necessidade de acesso a métodos contraceptivos modernos, como a pílula, implantes e outros dispositivos, como o DIU, indicam os pesquisadores. "Nos países em desenvolvimento, os serviços de planejamento familiar não parecem estar em condições de responder ao desejo crescente de famílias menores", afirma Gilda Sedgh, do Instituto Guttmacher, em Nova York, que coordenou o estudo.
"Mais de 80% das gestações indesejadas acontecem entre as mulheres que não têm acesso a métodos contraceptivos modernos, e muitos delas terminam em abortos", acrescentou.
O estudo, que foi realizado com a colaboração da Organização Mundial da Saúde (OMS), também concluiu que as leis restritivas não reduzem o número de abortos.
Em países onde as interrupções voluntárias da gravidez são limitadas - e, portanto, realizadas em condições arriscadas - estima-se que a taxa de aborto é tão alta quanto em países onde a prática legal. Segundo os pesquisadores, uma em cada quatro gestações em média em todo o mundo resulta em aborto.
Em 2010-2014, a taxa mais elevada (32% das gestações) foi observada na América Latina, onde vários países proíbem totalmente o aborto. A professora Diana Greene Foster, da Universidade da Califórnia, concorda. "Os abortos não podem ser evitados com a criminalização. Ao contrário, apenas leva as mulheres a recorrer a serviços ou métodos ilegais", disse em um comentário publicado com o estudo.
No período de 25 anos analisado (1990-2014), a taxa de aborto nos países desenvolvidos diminui de 46 a 27 por 1.000 mulheres em idade fértil (15 a 44 anos).
Esta queda deve-se principalmente a uma redução acentuada da taxa de abortos nos países do leste europeu, de 88 para 42, graças a um melhor acesso à contracepção.
Também caiu no sul da Europa (de 39 a 26), no norte da Europa (22 a 18) e na América do Norte (25 a 17) durante o mesmo período.
Os pesquisadores usaram estatísticas oficiais, mas também dados obtidos durante investigações ou estudos, publicados ou não.