Queda das temperaturas no outono pede atenção com conjuntivite e alergias

Evite colocar as mãos nos olhos e procure um especialista se o incômodo for grande

por Augusto Pio 09/05/2016 11:07
FREEIMAGES.COM/EMIN OZKAN
Clima seco desencadeia processos alérgicos e inflamatórios (foto: FREEIMAGES.COM/EMIN OZKAN)
A visão é um dos sentidos mais importantes do corpo humano. Por isso e por serem bastante sensíveis, os olhos devem ser tratados com muito cuidado. As doenças e acidentes que os afetam podem até incapacitar um trabalhador de realizar suas funções. Um descuido com os olhos pode levar a graves consequências, inclusive à cegueira. Com a chegada do outono e a queda da temperatura, alguns tipos de doenças oportunistas e atacam o aparelho respiratório, assim como os olhos. Quando o clima se torna ainda mais seco, acaba por desencadear processos alérgicos e inflamatórios, principalmente em pessoas mais sensíveis. Um dos mais comuns é a conjuntivite, que, caso não seja tratada com seriedade, pode trazer sérios problemas para a saúde da visão.

Para o médico oftalmologista Elisabeto Ribeiro Gonçalves, diretor clínico do Departamento de Retina e Vítreo do Instituo de Olhos de Belo Horizonte (IOBH), a higienização ocular usual é importante. Evitar colocar as mãos e dedos sujos nos olhos é a primeira dica, mesmo que haja algum incômodo, como ciscos e coceira. O indicado é sempre lavar bem as mãos antes de levá-las aos olhos. Mulheres devem retirar as sobras de maquiagem ou resíduos ao fim do dia; homens e mulheres podem usar óculos de sol para proteger os olhos do vento e das ações de raios UVA e UVB. Manter os ambientes arejados e com boa exposição ao sol para evitar a formação de bolor também é indicado. Quando for possível, evitar objetos que acumulem poeira, como cortina, carpete, tapete e bicho de pelúcia, entre outros, em ambientes onde a pessoa passa muitas horas do dia, também é recomendado. Evitar coçar os olhos, pois isso estimula mais a alergia ocular, podendo causar um ciclo vicioso. Por fim, evitar ambientes com muito pó, fumaça ou com odores fortes.

“Pessoas com tendência a olho seco, principalmente mulheres, devem levar em conta a necessidade de usar os chamados lubrificantes oculares (colírios). Para pessoas com fotofobia, principalmente em dias de sol, o uso de lentes escuras pode ajudar a mitigar a sensação desconfortável de irritação e percepção de cisco, por exemplo”, salienta o especialista.

Jair Amaral/EM/D.A Press
Elisabeto Ribeiro Gonçalves, diretor-clínico do Departamento de Retina e Vítreo do IOBH (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
O médico diz que as doenças mais comuns nos olhos são as conjuntivites, blefarites (inflamação palpebral) e catarata. “Existem três doenças graves, com alto potencial cegante: glaucoma, degeneração retiniana e retinopatia diabética. Elas estão entre as três maiores causas de cegueira no mundo. A catarata é causa de baixa visual, mais ou menos acentuada, em função da densidade maior ou menor da própria catarata. Mas ela não deve ser considerada causa de cegueira, porque, uma vez removida, por meio de cirurgia (facectomia), e não havendo outra doença concomitante, que comprometa a visão, a recuperação visual é praticamente imediata e total.

COLÍRIO

Ele ressalta que não há regras para ir a um oftalmologista, mas alerta que sempre que algo diferente ocorrer nos olhos, a pessoa deve procurar um especialista, que identificará as causas de eventuais problemas e indicará os recursos para contorná-los. Elisabeto esclarece que não há nenhum ritual para que a pessoa consulte um oftalmologista sistematicamente. “Ele deverá fazer a higienização normalmente e recorrer ao especialista assim que achar necessário, além de não usar colírio aleatoriamente, seja qual for, sem uma indicação específica.” Isso porque, segundo o médico, “o uso abusivo de colírios cortisônicos pode levar a uma forma grave, às vezes intratável, de glaucoma. Já os colírios chamados 'lubrificantes' são inócuos e não apresentam efeitos colaterais indesejáveis”, alerta.

Na realidade, de acordo com informações da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a conjuntivite – inflamação da membrana transparente chamada conjuntiva, que se inicia na parte interna das pálpebras e envolve toda a porção anterior do olho até a córnea – surge, geralmente, quando há mudança de estação. A infecção tende a se agravar no outono e no inverno, quando as pessoas permanecem por mais tempo em ambientes fechados. E é justamente nesse tipo de lugar que a conjuntivite alérgica pode surgir e se disseminar, associada a ácaros de poeira e pelos de animais, entre outros. Pessoas alérgicas, consideradas atópicas, apresentam, nesta estação, maior frequência de manifestações alérgicas de um modo geral, incluindo as oculares.

Os sintomas mais comuns da conjuntivite são o aparecimento, em um dos olhos, de vermelhidão, coceira, lacrimejamento e edema da conjuntiva de baixa a moderada intensidade. Ela pode acabar contaminando o outro olho. Os quadros mais graves são a conjuntivite primaveril e a papilar gigante, relacionados, principalmente, ao uso de lentes de contato. Podem ocorrer conjuntivites também por bactérias ou fungos. Todos os casos devem ser avaliados por um oftalmologista, assim como o uso de qualquer produto nos olhos.