saiba mais
Se elas precisam recorrer à fertilização in vitro, uma das possibilidades para gerar um bebê perfeito é fazer o diagnóstico genético pré-implantacional (PGD/PGS), que identificará os embriões com mutações genéticas e selecionará aqueles com maiores chances de vingar. “Entre 2% e 3% de todas as crianças que nascem, fatalmente, vão ter alguma deficiência física ou mental. Cerca 50% dessas malformações não têm causa definida e não há como evitar. Os outros 50% são causados por fatores genéticos, hereditários, que, hoje, são preveníveis, com certeza absoluta”, esclarece o doutor em genética reprodutiva Ciro Martinhago.
O tema foi discutido no Workshop Internacional de Genética Reprodutiva, em São Paulo. Apesar de eficiente para o sucesso da fertilização em mulheres mais velhas, ou para a gravidez saudável quando há presença de doenças genéticas no pai ou na mãe, a seleção de embriões é um assunto delicado e precisa seguir algumas regras. “A biópsia é uma técnica de diagnóstico que deve ser usada para seleção embrionária. Para as mulheres mais jovens, o procedimento não fez diferença, mas, acima dos 35 anos, os resultados foram melhores. As vantagens da biópsia são: maior chance de gestação, menor chance de abortamento, análise de aneuploidias, melhor selecionamento do embrião”, esclarece o médico especialista em reprodução humana assistida, Edson Borges Júnior, um dos palestrantes do congresso. “Acima dos 42 anos, a mulher tem 70% de chance de não seguir o tratamento de fertilidade porque não tem o embrião de qualidade para transferir. Cerca de 60% dos abortos são resultantes de problemas cromossômicos. Se os embriões fossem selecionados, os riscos diminuiriam”, acrescenta, o médico.
Uma vez descobertas alterações em alguns embriões, eles não deveriam ser utilizados. A correção deles ainda não é permitida no Brasil, assim como a escolha do futuro bebê pelo sexo, também é proibida. “O medo da edição dos genes é a volta da eugenia”, pondera Edson Borges.