No mundo empresarial, valorizam-se cada vez mais profissionais capazes de fazer com que suas equipes sejam produtivas e criativas. Mas o que torna alguém um líder desse tipo? A resposta é simples, garante Dina Krasikova, professora de administração na Universidade do Texas: confiança na própria capacidade de ter boas e novas ideias.
Krasikova é coautora de um estudo sobre o tema recentemente publicado na revista especializada Organizational Behavior and Human Decision Processes. Ela e colegas analisaram o ambiente de trabalho de uma empresa de tecnologia americana cujo principal objetivo é apresentar soluções e produtos inovadores ao mercado. Por meio de observações e questionários respondidos pelos funcionários, eles notaram que as equipes mais produtivas eram aquelas chefiadas por pessoas criativas e seguras.
A especialista explica que essas duas características do líder promovem um ambiente de trabalho estimulante para os funcionários, que passam a ver no chefe um exemplo a ser seguido — não por acaso, o estudo recebeu o título de Eu posso fazer, então você também pode.
“Líderes confiantes em sua habilidade criativa se comportam de uma forma que encoraja seus funcionários a fazerem o mesmo. Esses líderes estão mais abertos a novas ideias sugeridas pelos empregados e evitam criticá-los, o que poderia matar a criatividade”, explica a pesquisadora em entrevista ao Correio. “Isso incentiva os funcionários a perseverar, quando precisam resolver problemas complicados no trabalho. Como resultado, eles se sentem capacitados para produzir novas ideias e resultados mais criativos”, completa.
Os autores usaram como base trabalhos anteriores que apontaram a importância do papel de supervisores e gerentes na promoção da criatividade entre funcionários. “A partir disso, meus colegas e eu decidimos investigar se a confiança dos líderes em suas habilidades criativas faria com que eles fossem mais eficazes na promoção da criatividade de seus subordinados”, conta Krasikova, professora de Gestão da Universidade do Texas e autora principal do estudo.
Relacionamento
A empresa escolhida para a análise tem 544 funcionários liderados por 106 supervisores. Ali, ficou claro também que, quando chefes e subordinados tinham uma relação de trabalho de alta qualidade — com confiança, respeito e lealdade — os resultados eram ainda melhores na produtividade. “Isso significa que as organizações devem ajudar funcionários e gerentes a desenvolver melhores relações interpessoais. Isso pode ser feito por meio de eventos sociais, nos quais funcionários e gerentes podem interagir e conhecer melhor uns aos outros, do estabelecimento de programas de tutoria e de uma política de portas abertas, para que os funcionários possam se sentir livres para partilhar suas preocupações e sugestões”, destaca Krasikova.
Para Brígida Ferras, professora de psicologia, recursos humanos e pedagogia no Centro Universitário Iesb de Brasília, o estudo explora questões conhecidas na área de gestão de pessoas, mas reforça a necessidade de as empresas se preocuparem com as características de seus líderes. “Concordo plenamente com o que foi apontado na pesquisa. Acredito que a atitude de uma pessoa pode fazer mais diferença do que a graduação dela. Manter boas relações com os empregados é muito importante. A pessoa não pode ser vista só como um chefe, mas como um aliado, porque, com isso, é possível existir um diálogo, e as dificuldades podem ser superadas juntas”, avalia a especialista, que não participou do estudo.
Seleção
Gerentes inseguros costumam criar ambientes de trabalho estressantes e, consequentemente, pouco produtivos. “Quando você está estressado, você se sente desamparado, e sua produtividade e criatividade são reduzidas”, afirma Krasikova em um comunicado sobre a pesquisa. “Muitas vezes, isso tem origem no líder. Por exemplo, você pode ir trabalhar incerto do que você deve fazer porque recebe expectativas conflitantes do seu supervisor direto. A solução é criar regras claras e comunicação”, sugere.
Para os cientistas americanos, as conclusões indicam a importância de aprimorar a seleção para cargos de chefia, já que a criatividade e a confiança poderiam se tornar as características principais para uma posição desse tipo. “As organizações podem olhar para aqueles que estão mais confiantes em suas habilidades criativas. Também podem incluir exercícios de reforço de confiança em seus programas de desenvolvimento de liderança”, acrescenta a professora da Universidade do Texas. “Outra maneira de construir essa característica é incentivando a gestão de nível superior explicitamente, reconhecendo e premiando a criatividade dos gerentes de nível mais baixo. Quando as nossas realizações são reconhecidas publicamente e recompensadas, isso nos torna mais confiantes nas nossas capacidades”, complementa.
Ferras acredita que, ao criar ambientes de qualidade, as empresas se beneficiam e atraem melhores profissionais. “Muitos, quando querem fazer parte de uma empresa, priorizam o bem-estar do ambiente, até antes do salário. Quando existe essa relação, isso gera um resultado que pode beneficiar ambos — todos ganham. É aí que vemos que uma pessoa pode nos levar até onde queremos chegar, ao sucesso que queremos ter na profissão”, ressalta.
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A especialista explica que essas duas características do líder promovem um ambiente de trabalho estimulante para os funcionários, que passam a ver no chefe um exemplo a ser seguido — não por acaso, o estudo recebeu o título de Eu posso fazer, então você também pode.
“Líderes confiantes em sua habilidade criativa se comportam de uma forma que encoraja seus funcionários a fazerem o mesmo. Esses líderes estão mais abertos a novas ideias sugeridas pelos empregados e evitam criticá-los, o que poderia matar a criatividade”, explica a pesquisadora em entrevista ao Correio. “Isso incentiva os funcionários a perseverar, quando precisam resolver problemas complicados no trabalho. Como resultado, eles se sentem capacitados para produzir novas ideias e resultados mais criativos”, completa.
Os autores usaram como base trabalhos anteriores que apontaram a importância do papel de supervisores e gerentes na promoção da criatividade entre funcionários. “A partir disso, meus colegas e eu decidimos investigar se a confiança dos líderes em suas habilidades criativas faria com que eles fossem mais eficazes na promoção da criatividade de seus subordinados”, conta Krasikova, professora de Gestão da Universidade do Texas e autora principal do estudo.
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A empresa escolhida para a análise tem 544 funcionários liderados por 106 supervisores. Ali, ficou claro também que, quando chefes e subordinados tinham uma relação de trabalho de alta qualidade — com confiança, respeito e lealdade — os resultados eram ainda melhores na produtividade. “Isso significa que as organizações devem ajudar funcionários e gerentes a desenvolver melhores relações interpessoais. Isso pode ser feito por meio de eventos sociais, nos quais funcionários e gerentes podem interagir e conhecer melhor uns aos outros, do estabelecimento de programas de tutoria e de uma política de portas abertas, para que os funcionários possam se sentir livres para partilhar suas preocupações e sugestões”, destaca Krasikova.
Para Brígida Ferras, professora de psicologia, recursos humanos e pedagogia no Centro Universitário Iesb de Brasília, o estudo explora questões conhecidas na área de gestão de pessoas, mas reforça a necessidade de as empresas se preocuparem com as características de seus líderes. “Concordo plenamente com o que foi apontado na pesquisa. Acredito que a atitude de uma pessoa pode fazer mais diferença do que a graduação dela. Manter boas relações com os empregados é muito importante. A pessoa não pode ser vista só como um chefe, mas como um aliado, porque, com isso, é possível existir um diálogo, e as dificuldades podem ser superadas juntas”, avalia a especialista, que não participou do estudo.
Seleção
Gerentes inseguros costumam criar ambientes de trabalho estressantes e, consequentemente, pouco produtivos. “Quando você está estressado, você se sente desamparado, e sua produtividade e criatividade são reduzidas”, afirma Krasikova em um comunicado sobre a pesquisa. “Muitas vezes, isso tem origem no líder. Por exemplo, você pode ir trabalhar incerto do que você deve fazer porque recebe expectativas conflitantes do seu supervisor direto. A solução é criar regras claras e comunicação”, sugere.
Para os cientistas americanos, as conclusões indicam a importância de aprimorar a seleção para cargos de chefia, já que a criatividade e a confiança poderiam se tornar as características principais para uma posição desse tipo. “As organizações podem olhar para aqueles que estão mais confiantes em suas habilidades criativas. Também podem incluir exercícios de reforço de confiança em seus programas de desenvolvimento de liderança”, acrescenta a professora da Universidade do Texas. “Outra maneira de construir essa característica é incentivando a gestão de nível superior explicitamente, reconhecendo e premiando a criatividade dos gerentes de nível mais baixo. Quando as nossas realizações são reconhecidas publicamente e recompensadas, isso nos torna mais confiantes nas nossas capacidades”, complementa.
Ferras acredita que, ao criar ambientes de qualidade, as empresas se beneficiam e atraem melhores profissionais. “Muitos, quando querem fazer parte de uma empresa, priorizam o bem-estar do ambiente, até antes do salário. Quando existe essa relação, isso gera um resultado que pode beneficiar ambos — todos ganham. É aí que vemos que uma pessoa pode nos levar até onde queremos chegar, ao sucesso que queremos ter na profissão”, ressalta.