Os resultados abrem caminho para pesquisas futuras sobre uma deficiência hereditária que não tem cura e que afeta cerca de um em cada 4.000 homens e uma em cada 8.000 mulheres. Os portadores da Síndrome do X frágil apresentam uma série de problemas cognitivos e dificuldades de aprendizado, podem ter o rosto mais longo e as orelhas maiores que o normal, e cerca de 30% deles são autistas.
O remédio, conhecido como Nutlin-3, está na primeira fase de testes para o câncer de olho denominado retinoblastoma, e seu uso comercial ainda não foi aprovado.
O pesquisadores descobriram que, quando administrado em camundongos, o medicamento podia reverter os danos de uma mutação genética que causa a Síndrome do X frágil.
Essa mutação impede os ratos de produzir uma proteína conhecida como FMRP, cuja ausência altera a atividade sináptica e o desenvolvimento da memória e da aprendizagem. Assim, os camundongos não reconhecem, por exemplo, um brinquedo ou objeto que tenham visto recentemente.
Após receber o remédio por duas semanas, os ratos "recuperaram a capacidade de se lembrar do que tinham visto e cheirado na sua primeira visita à câmara de teste", aponta o estudo.
Uma pequena quantidade - cerca de 10% da dose que tem sido usada nos testes com humanos - pareceu bloquear o último estágio da reação em cadeia acionada pela mutação no gene do FMRP. "Há muitos obstáculos", disse Zhao. "Ainda há muitas questões a serem respondidas, como qual é a frequência com que o tratamento seria necessário. Mesmo assim, conseguimos descobrir um pouco sobre o X frágil, e isso me deixa otimista"..