A equipe levou em conta um estudo feito por um grupo de médicos do Brigham and Women Hospital, em Boston. Esse trabalho mostrou que níveis da ingestão de vitamina D no segundo semestre de gravidez poderiam influenciar a probabilidade de um feto desenvolver asma. Com base nesses achados, os cientistas utilizaram dados econômicos e médicos para analisar mais a fundo a constatação.
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Para os cientistas, as gestantes podem diminuir a probabilidade de asma em seus filhos com uma quantidade pequena de exposição aos raios solares: cerca de 10 minutos diários. “O câncer de pele é uma doença muito grave, e eu não quero minimizá-la; mas esse período de tempo que você deixa de estar no sol pode custar mais vitamina D, e ele não está ajudando você a ter câncer de pele,” defende Slusky.
Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci, coordenadora de Alergia e Imunologia da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, explica por que a exposição ao sol durante o segundo trimestre de gravidez tem taxas altas de proteção. “Na semana 11 da gravidez, muitos genes relacionados com a vitamina D e conhecidos por serem envolvidos no desenvolvimento do pulmão e diferencialmente expressos em asmáticos são subitamente ativados. Portanto, se a mãe apresentar deficiência dessa vitamina, isso pode levar ao desenvolvimento anormal das vias aéreas associada à asma”, diz.
Prejuízo alto
A especialista avalia que os resultados do estudo são interessantes e podem mostrar uma saída simples para um problema de saúde tão recorrente. “A asma é uma doença crônica inflamatória dos pulmões de alta prevalência, morbidade e mortalidade. Uma recomendação simples de exposição solar de 10 minutos diária que possa reduzir a frequência dessa enfermidade é de grande valia, poupando sofrimento pessoal e familiar, perda da qualidade de vida, produtividade, redução de custos diretos e indiretos, idas ao pronto-socorro, internações e óbitos”, detalhou.
Segundo a especialista, o custo resultante — que mede tanto as despesas de tratamento diretos quanto a perda de produtividade indireta — da doença é estimado em cerca de US$ 56 bilhões anuais só nos Estados Unidos. “Portanto, há a necessidade de os gestores de saúde, as autoridades médicas e os pacientes darem mais atenção a essa doença fazendo tratamento ambulatorial contínuo com uso de medicações profiláticas e controle ambiental, não tratando somente as crises de asma nas emergências”, defende.
Subnotificada
A agência das Nações Unidas também estima que a doença respiratória mate mais de 250 mil pessoas por ano no planeta e que os números podem ser ainda maiores, já que a enfermidade costuma ser subnotificada. Segundo a imunologista Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci, no Brasil, a prevalência varia de 10% a 20% da população, dependendo da região e da faixa etária considerada. Com base nesse percentual, pode ser projetada a existência de 430 mil asmáticos no Distrito Federal.
Sol para todos
“Pesquisas como a desses cientistas norte-americanos são o que chamamos de trabalhos feitos por associação. Eles não permitem que cheguemos a uma reação de causa e efeito, não é possível determinar se o sol protegeu e reduziu as chances de asma, mas existem mais pesquisas que apontam dados parecidos. Trabalhos anteriores mostraram os benefícios da vitamina D, como mães que apresentavam níveis mais altos dessa vitamina e menor frequência de filhos que nascem com o peso abaixo do ideal. No pré-natal, ela também está presente nos suplementos receitados às mães. Talvez, a mensagem que esse trabalho nos passa é que uma maior exposição ao sol é importante para todos, pois sabemos dos seus benefícios, mas, infelizmente, a vitamina D não é muito consumida. Ela está presente em poucos alimentos, e o medo quanto aos problemas causados pelo sol pode provocar essa diminuição”
Angélica Amato, endocrinologista e professora do Departamento de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB)