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Liderada pelo neurocientista Jan Wessel, com participação de pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) e da Universidade de Oxford (Inglaterra), a pesquisa encontrou evidências de que o mesmo sistema cerebral envolvido em parar o movimento corporal — como quando você está caminhando e se depara com um buraco à sua frente — também é responsável por interromper o pensamento.
Em outras palavras, o mesmo grupo de neurônios que o ajuda a não cair no buraco, o faz parar de falar para prestar atenção ao telefone que toca. E, quando isso acontece com habilidades cognitivas, é como se o trem do pensamento se descarrilasse, precisando de tempo para voltar aos trilhos.
Parkinson
Segundo os cientistas, os achados podem ajudar a compreender melhor o mal de Parkinson. A doença pode causar tanto tremores musculares e movimentos faciais mais lentos, quanto o “oposto da distração”, um fluxo de pensamentos tão estável que parece ser difícil interromper. A pesquisa, portanto, traz pistas de onde no cérebro a origem desses sintomas do Parkinson.
Em estudos anteriores, a mesma equipe envolvida no novo trabalho mostrou que uma área do cérebro chamada núcleo subtalâmico, a mesma em que implantes elétricos são colocados para aliviar sintomas do Parkinson — está envolvida na “parada ampla”, em que todo o corpo precisa se imobilizar subitamente. Agora, os especialistas analisaram sinais cerebrais de 20 participantes saudáveis e de sete pacientes com o mal degenerativo enquanto participavam de um teste de memória.
O teste consistia em memorizar um conjunto de letras. Pouco antes de dizerem quais eram as letras, os voluntários ouviam um som que lembrava o de um toque único de celular. Os resultados mostraram que essa segunda interrupção gerava uma reação cerebral igual à de quando o corpo precisa executar uma parada ampla. E, nesses casos, a memória também falhava, com os voluntários se recordando de menos letras.
“Por ora, mostramos que eventos inesperados ou surpreendentes ativam o mesmo sistema cerebral que usamos quando agimos para interromper nossas ações e afetam o desenrolar de nossos pensamentos”, afirma Wessel em um comunicado. “Um evento surpreendente parece limpar o que você estava pensando”, completa Adam Aron, orientador e coautor da pesquisa.