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“Até agora, indivíduos com a dor do membro fantasma tiveram poucas intervenções médicas que resultassem em uma redução significativa da dor”, justificou, em um comunicado à imprensa, John David Prologo, um dos autores do estudo e professor-assistente na Divisão de Radiologia Intervencionista da Faculdade de Medicina da Universidade de Emory (EUA). Chamada cryoablation, a técnica foi testada em 20 pacientes. Uma sonda, colocada através da pele, congela durante 25 minutos a zona amputada — entre o tecido nervoso e a cicatriz do membro residual (a parte do corpo que permanece após a amputação). Dessa forma, fecha os sinais nervosos.
Para avaliar os efeitos, os pesquisadores utilizaram uma escala visual analógica (EVA, pela sigla em inglês) que variou entre 1 (para não doloroso) e 10 (para extremamente doloroso). Os participantes foram questionados antes de serem submetidos à técnica, sete dias e 45 dias depois da intervenção. Como média, chegou-se à escala de dor de 6,4 pontos, que diminuiu com o passar do tempo — por volta do 45° dia, a pontuação média foi de 2,4 pontos.
De acordo com os especialistas, a queda pode ser creditada à aparelhagem avançada utilizada na técnica, que conseguiu explorar áreas de difícil acesso. “Muitos dos nervos que contribuem para essas dores são inacessíveis aos médicos sem a orientação de imagem. Com o conjunto de habilidades da radiologia intervencionista, podemos resolver problemas difíceis. Esse tratamento promissor pode melhorar drasticamente a vida dos amputados, e isso tudo pode ser feito em um ambulatório”, detalhou Prologo.
Os pesquisadores da Emory darão continuidade ao estudo e pretendem explorar ainda mais o potencial da cryoablation acompanhando a eficácia dela pelo menos seis meses após o tratamento. Prologo destacou que o grupo solicitou uma concessão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para testar a técnica em veteranos de guerra, um dos grupos que mais sofrem com a dor do membro fantasma. “Essas pessoas têm, agora, uma opção viável de tratamento para acabar com esse efeito colateral contínuo da amputação”, ressaltou.
Problema nos sinais
A dor é causada por uma alteração do sistema nervoso acima da zona amputada. O cérebro interpreta os sinais nessa região como se eles viessem da parte do corpo que foi tirada. O desconforto pode ser uma sensação opressiva, de ardor ou de esmagamento. Para algumas pessoas, ele fica menos frequente com o passar do tempo. Para outras, é persistente.