
saiba mais
A última epidemia provocada pelo H1N1 no Brasil foi em 2013. "Depois disso, outras cepas passaram a circular com maior prevalência", disse Mirleide. O intervalo de dois anos levou a uma redução significativa dos indicadores de influenza em 2014 e 2015. Em contrapartida, o grupo de pessoas mais suscetíveis ao vírus cresceu. Associado a esses dois fatores está um problema já identificado por especialistas: a antecipação do surto, sobretudo em São Paulo e Santa Catarina.
Os novos casos teriam encontrado autoridades sanitárias ainda desmobilizadas e uma população vulnerável - como idosos, crianças e gestantes - mais suscetível, uma vez que a vacina ficou pronta somente na semana passada.
O problema também foi apontado ontem pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro. Ele disse estar preocupado com o aumento do número de casos, principalmente por estar acontecendo em um período atípico. "Mas fomos ágeis e antecipamos a distribuição da vacina a partir do dia 1º", afirmou.
Otimismo
A boa notícia do sequenciamento genético é que o vírus em circulação sofreu mutações pontuais, o que garante que a vacina usada atualmente é efetiva. A proteção, no entanto, não é imediata. Tradicionalmente, a vacina contra influenza começa a aumentar a imunidade a partir de duas semanas após a aplicação. A proteção mais acentuada se dá um mês depois. A estimativa é de que, um ano depois da aplicação, a imunidade contra a infecção já esteja bastante reduzida.
Para fazer a análise, o Evandro Chagas, referência da Organização Mundial de Saúde (OMS) para influenza, avaliou 464 amostras. Ao contrário do que aconteceu em outras regiões, o aumento de casos de influenza A no Norte e no Nordeste nesses meses não surpreende - historicamente, é registrado nesta época do ano. "Ele está mais ligado ao aumento das chuvas. Ao contrário do que se vê no Sul e Sudeste, onde indicadores estão associados a baixas temperaturas", disse Mirleide.