Lola, que também é professora da UFC, reconhece que o caminho em busca de igualdade de direitos entre homens e mulheres ainda está longe de ser alcançado. Para ela, há uma resistência por parte dos homens em aceitar a liberdade das mulheres e as consequências disso se refletem nos dados sobre violência contra a mulher. A professora, inclusive, faz parte dos dados: precisou registrar sete boletins de ocorrência, devido a diversas ameaças que sofreu por causa de posições divulgadas em seu blog.
“Ainda não entendemos porque tantos homens se ressentem e não querem essas mudanças. Acho que ainda é pelo chamado merecimento.
Sexualidade reprimida na velhice
Diante do crescimento da população idosa devido ao aumento da expectativa de vida e de terapias que promovem a qualidade de vida na velhice, está em curso a chamada feminização da velhice. O geriatra e professor da Faculdade de Medicina da UFC, Jarbas de Sá Roriz Filho, percebe isso no dia a dia do Ambulatório de Geriatria da universidade, onde mais da metade dos pacientes são mulheres. Segundo ele, as mulheres vivem cerca de 8 anos a mais do que os homens.
O professor Roriz Filho, em sua palestra, afirmou que esse fenômeno trouxe mudanças significativas no comportamento de homens e mulheres idosos. “O 'equipamento sexual', sobretudo o feminino, não tem validade. Enquanto houver saúde, é possível ter relações sexuais, e a medicina contribuiu para isso com as terapias de reposição hormonal e da disfunção erétil.”
Apesar desses avanços, Jarbas disse que ainda há tentativas de inibir a sexualidade dos idosos. Para as mulheres, conforme ele, isso é ainda mais repressor. “Há uma inversão de papéis. Ao envelhecer, os filhos começam a interferir e a regular o comportamento sexual das pessoas idosas, especialmente das mulheres. Há que se preservar a reputação daquela senhora. Não pode vestir determinadas roupas, ou ir a determinados bailes da terceira idade", afirmou..