Profissionais de todo o país estão sendo treinados por especialistas para identificar sinais do câncer e de outras doenças de pele no momento em que são contratados para fazer uma tatuagem. Como a maioria das pessoas não visita o dermatologista de forma frequente, contar com a ajuda de quem estaria mais próximo dos jovens é uma solução.
“O objetivo é alertar os tatuadores para terem um pouco de conhecimento e a percepção de lesões sugestivas de malignidade, para que ele não tatue em cima de uma mancha perigosa, porque pode retardar um diagnóstico de doença grave”, afirma o médico Juliano Henrique Vilas Boas, pós-graduado em dermatologia e medicina estética e professor da Faculdade Ipmed de Ciências Médicas.
O especialista será um dos palestrantes do 3º Workshop realizado pela escola de dermatologia da Ipemed, terça-feira, das 9h ao meio-dia, na faculdade. “Não vamos ensinar ninguém a dar o diagnóstico de câncer de pele, mas ensinar a perceber uma possível indicação da doença, que não é uma pintinha normal, é uma manchinha de forma e cor diferente, que coça, sangra... De repente, se ele faz uma tatuagem sobre essas manchas, a tinta vai mascarar o problema.”
A proposta, segundo Vilas Boas, é que nesse exame visual os tatuadores possam fazer o alerta e ressaltar a importância da visita ao dermatologista, que é o único capaz de fornecer o diagnóstico. “O objetivo é conscientizar os jovens que se tatuam de que a nossa pele exige cuidados. E os tatuadores podem ajudar muito nessa luta, recomendando o médico aos seus clientes antes de fazer qualquer tipo de desenho sobre o corpo.”
ALIADOS
Os tatuadores, de acordo com o médico, são aliados importantes no combate à patologia.
O profissional também atenta para a responsabilidade do tatuador nesse processo. “Além do câncer de pele, o tatuador tem de ter a percepção de outras doenças. A questão do queloide, por exemplo, é recorrente. Antes de iniciar qualquer processo, ele precisa perguntar se o cliente tem essa tendência, precisa ter sensibilidade para colher determinadas informações, porque uma tatuagem pode virar um queloide. Nesse caso, a pele não pode ser agredida.”
Essas são algumas preocupações de Nárrima Alcântara Alves Leite, de 24 anos. Ela é apaixonada por tatuagens. Tem mais de 50 espalhadas pelo corpo e, por causa dessa paixão, virou tatuadora. Sempre que percebe algo de diferente na pele de seus clientes, solicita deles um laudo e uma liberação médica antes de iniciar qualquer procedimento. “Seja uma mancha diferente, uma cicatriz ou até mesmo a reconstrução do mamilo, sempre peço um laudo médico, além da ficha que a gente pede para o cliente assinar”, reforça a tatuadora.
Câncer de pele
O câncer de pele é uma proliferação incontrolável de células cutâneas anormais. É o tipo mais comum na população e divide-se em dois tipos: melanomas e não melanomas.
Diagnósticos de câncer previstos em 2016
» Melanoma: cerca de 180 mil
» Próstata: 69 mil
» Cólon e rim: 33 mil
» Pulmão: 27 mil
» Mama: 57 mil
» Estômago: 20 mil.