O Dia Internacional da Mulher, comemorado na última terça-feira (08/03), voltou as atenções para o empoderamento feminino. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), empoderar mulheres e promover a equidade de gênero em todas as atividades sociais e da economia são garantias para o efetivo fortalecimento das economias, o impulsionamento dos negócios, a melhoria da qualidade de vida de mulheres, homens e crianças, e para o desenvolvimento sustentável. Apesar de avanços na sociedade, muitas permanecem responsáveis pelo âmbito doméstico, mesmo trabalhando fora. A rotina da mulher moderna é pesada e muitas vezes falta tempo para os cuidados com a saúde.
Pensando nelas, e nessa rotina corrida, vários serviços de saúde vêm desenvolvendo núcleos e programas personalizados para a realização de exames e cuidados femininos, com a formatação de uma avaliação abrangente, individualizada e personalizada para alcançar os objetivos finais, que são a melhoria da qualidade de vida da mulher: o chamado checape feminino. Segundo Carla Tavares, coordenadora do Checape da Rede Mater Dei de Saúde, responsável pela cardiologia do esporte do hospital e médica do Departamento de Medicina Esportiva do Minas Tênis Clube, os cuidados com a saúde ao longo da vida e a prevenção são a melhor forma de obter boas perspectivas de uma existência saudável e longeva.
O checape é baseado em uma boa avaliação médica, com obtenção de escores de risco específicos, quando se calcula a estimativa de risco cardiovascular, assim como a pesquisa de informações relevantes relacionadas aos hábitos de vida, antecedentes de saúde física e mental, características individuais, histórico de doenças na família, além de características ambientais e até profissionais. Um exame físico completo e orientações quanto à prevenção de doenças como o câncer – principalmente os ginecológicos e de intestino, mais frequentes no sexo feminino, também são fundamentais.
“A partir daí, levando-se ainda em consideração a faixa etária, podem ser solicitados exames complementares. Além disso, para cada grupo de doenças existem recomendações específicas para início do rastreamento que devem ser levadas em conta para a solicitação desses exames e avaliações especializadas”, explica Carla.
Marcela Teixeira Costa Godinho, de 33 anos, descobriu o checape feminino em uma pesquisa na internet e decidiu experimentar. “Faço exames todos os anos, mas por conta própria, consultando vários médicos. Esse formato é mais prático. Tirei uma manhã e fiz ultrassom, raio X e vários exames de sangue. Agora volto para um retorno para saber os resultados. Gostei dessa opção”, conta a paciente que por ter ido com o marido ainda ganhou um desconto.
Para a especialista, o mais importante no checape não é a quantidade de exames ou de especialistas pelo qual a mulher vai passar, mas sim a qualidade da atenção à saúde e a investigação personalizada de doenças e fatores de risco. Algumas avaliações são indicadas de acordo com a faixa etária (veja infografia), mas exames complementares devem ser individualizados, de acordo com os fatores de risco pessoais e familiares de cada um. A mulher também precisa ficar atenta ao calendário de vacinas determinado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
E os cuidados com a saúde e a prevenção de doenças devem começar bem cedo. A recomendação é que as primeiras avaliações da mulher sejam feitas a partir da primeira menstruação. Portanto, uma consulta ginecológica para orientações em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e cuidados relacionados à contracepção, bem como para prevenção do câncer de mama e de colo de útero, são necessários a partir desse momento.
“Independentemente da avaliação ginecológica, temos que pensar na mulher como um todo e uma boa avaliação preventiva é sempre mais efetiva quando são investigadas as doenças mais prevalentes numa determinada população. Portanto, o clínico ou o pediatra continuam sendo de extrema importância”, defende a médica.
• Papel fundamental na saúde feminina
Em artigo, os alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Gabriela Mendonça, Gabriela Mendes, Gustavo Henrique Lourenço, Luísa Schumacher e Luiz Rugero, coordenados pelos professores do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Eduardo Batista Cândido e Agnaldo Lopes Silva-Filho, reuniram as recomendações das principais sociedades médicas no que diz respeito ao rastreio de doenças e cuidados básicos na saúde da mulher com o objetivo de facilitar e ampliar a abordagem prática do ginecologista em seu consultório, de forma que a mulher seja avaliada de uma maneira mais completa.
É crescente o número daquelas atingidas por doenças como hipertensão, diabetes, osteoporose e cânceres de mama e cólon. O ginecologista, muitas vezes, é a única referência de saúde dessas pacientes e segundo Agnaldo Lopes, também presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia de Minas Gerais (Sogimig), tal profissional deve ter uma visão holística da mulher, sendo capaz de abordar sua paciente globalmente, não visando somente aos aspectos ginecológicos e obstétricos.
“Temos o privilégio de acompanhá-las em diferentes fases da vida. Elas chegam para as primeiras orientações assim que têm a primeira menstruação, passam por nós para a escolha do método contraceptivo, somos seus obstetras quando optam pela maternidade, e lá na frente cuidamos da reposição hormonal”, reflete o professor.
FALTA PADRONIZAÇÃO
O problema é a falta de padronização e unificação para rastreios das principais doenças que afetam as mulheres brasileiras, o que dificulta essa abordagem mais global. “O ginecologista é uma figura de extrema importância na vida das mulheres. Por esse motivo, ele deve estar apto a rastrear as principais doenças ou condições a que está sujeita a sua paciente em cada faixa etária, além de indicar as vacinas apropriadas a cada uma delas. Não existe uma única diretriz que uniformize tais indicações, mas isso não deve ser visto como empecilho para a realização da prática médica diária na ginecologia”, defendem os pesquisadores, segundo os quais as mulheres devem passar por rastreio glicêmico, avaliação da função tireoidiana, investigação de perfil lipídico, osteoporose, hipovitaminose D, infecção do trato urinário e bacteriúria assintomática, câncer de cólon, mama e colo de útero, além de infecção por clamídia.
De acordo com Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM) mulheres de 20 a 59 anos devem receber as seguintes vacinas:
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola): caso não tenha recebido duas doses com intervalo de um mês entre elas em idade superior a 1 ano. É uma vacina contraindicada apenas em gestantes e encontra-se disponível na rede pública de saúde para mulheres de até 49 anos.
Hepatite B: esquema 0-1-6 meses caso nunca tenho sido vacinada ou tenha recebido esquema incompleto. Está disponível no sistema público e é recomendada também para as gestantes.
Hepatite A: não encontrada no sistema público, deve ser recebida em duas doses com esquema de 0-6 meses.
Tríplice bacteriana do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche): se o esquema básico contra o tétano estiver completo a mulher deve receber um reforço a cada 10 anos. Se esquema estiver incompleto deve ser fornecida uma dose de dTpa e completar a vacinação com uma ou duas doses de dT de a forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico. Gestantes devem receber sempre dTpa . A vacina é fornecida pelo Sistema Público.
Varicela: Para as mulheres suscetíveis, duas doses com intervalo de um a dois meses. A vacina, no entanto é contraindicada para as gestantes e não é fornecida para adultos no Sistema Público.
Influenza: dose única anual. Fornecida pelo Sistema Público, porém só para grupos de riscos como idosas e gestantes.
Febre amarela: Uma dose para residentes ou viajantes para áreas de vacinação. Se persistir risco deve ser fornecido reforço a cada 10 anos. É preciso que se vacine pelo menos 10 dias antes da viagem. É contraindicada para gestantes e para lactantes e é fornecida pelo Sistema Público.
Meningocócica conjugada ACWY: Considerar uso avaliando situação epidemiológica. Uma dose. Não fornecida à mulheres pelo Sistema Público.
Meningocócica B: Duas doses com intervalo de um mês. Considerar uso de acordo com situação epidemiológica, também não fornecida pelo Sistema Público.
Pneumocócicas: Esquema sequencial de VPC13 e VPP23 é recomendada para mulheres de 60 anos ou mais, porém não é fornecida pelo Sistema Público.
Herpes zoster: para mulheres com 60 anos ou mais em dose única, não fornecida pelo Sistema Público (20).
*Para meninas de 9 a 13 anos 11 meses e 29 dias é fornecido pelo Sistema Público a vacina contra o HPV que deve ser tomada em duas doses no esquema 0-6 meses.
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O checape é baseado em uma boa avaliação médica, com obtenção de escores de risco específicos, quando se calcula a estimativa de risco cardiovascular, assim como a pesquisa de informações relevantes relacionadas aos hábitos de vida, antecedentes de saúde física e mental, características individuais, histórico de doenças na família, além de características ambientais e até profissionais. Um exame físico completo e orientações quanto à prevenção de doenças como o câncer – principalmente os ginecológicos e de intestino, mais frequentes no sexo feminino, também são fundamentais.
“A partir daí, levando-se ainda em consideração a faixa etária, podem ser solicitados exames complementares. Além disso, para cada grupo de doenças existem recomendações específicas para início do rastreamento que devem ser levadas em conta para a solicitação desses exames e avaliações especializadas”, explica Carla.
Marcela Teixeira Costa Godinho, de 33 anos, descobriu o checape feminino em uma pesquisa na internet e decidiu experimentar. “Faço exames todos os anos, mas por conta própria, consultando vários médicos. Esse formato é mais prático. Tirei uma manhã e fiz ultrassom, raio X e vários exames de sangue. Agora volto para um retorno para saber os resultados. Gostei dessa opção”, conta a paciente que por ter ido com o marido ainda ganhou um desconto.
Para a especialista, o mais importante no checape não é a quantidade de exames ou de especialistas pelo qual a mulher vai passar, mas sim a qualidade da atenção à saúde e a investigação personalizada de doenças e fatores de risco. Algumas avaliações são indicadas de acordo com a faixa etária (veja infografia), mas exames complementares devem ser individualizados, de acordo com os fatores de risco pessoais e familiares de cada um. A mulher também precisa ficar atenta ao calendário de vacinas determinado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
E os cuidados com a saúde e a prevenção de doenças devem começar bem cedo. A recomendação é que as primeiras avaliações da mulher sejam feitas a partir da primeira menstruação. Portanto, uma consulta ginecológica para orientações em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e cuidados relacionados à contracepção, bem como para prevenção do câncer de mama e de colo de útero, são necessários a partir desse momento.
“Independentemente da avaliação ginecológica, temos que pensar na mulher como um todo e uma boa avaliação preventiva é sempre mais efetiva quando são investigadas as doenças mais prevalentes numa determinada população. Portanto, o clínico ou o pediatra continuam sendo de extrema importância”, defende a médica.
• Papel fundamental na saúde feminina
Em artigo, os alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Gabriela Mendonça, Gabriela Mendes, Gustavo Henrique Lourenço, Luísa Schumacher e Luiz Rugero, coordenados pelos professores do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Eduardo Batista Cândido e Agnaldo Lopes Silva-Filho, reuniram as recomendações das principais sociedades médicas no que diz respeito ao rastreio de doenças e cuidados básicos na saúde da mulher com o objetivo de facilitar e ampliar a abordagem prática do ginecologista em seu consultório, de forma que a mulher seja avaliada de uma maneira mais completa.
É crescente o número daquelas atingidas por doenças como hipertensão, diabetes, osteoporose e cânceres de mama e cólon. O ginecologista, muitas vezes, é a única referência de saúde dessas pacientes e segundo Agnaldo Lopes, também presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia de Minas Gerais (Sogimig), tal profissional deve ter uma visão holística da mulher, sendo capaz de abordar sua paciente globalmente, não visando somente aos aspectos ginecológicos e obstétricos.
“Temos o privilégio de acompanhá-las em diferentes fases da vida. Elas chegam para as primeiras orientações assim que têm a primeira menstruação, passam por nós para a escolha do método contraceptivo, somos seus obstetras quando optam pela maternidade, e lá na frente cuidamos da reposição hormonal”, reflete o professor.
FALTA PADRONIZAÇÃO
O problema é a falta de padronização e unificação para rastreios das principais doenças que afetam as mulheres brasileiras, o que dificulta essa abordagem mais global. “O ginecologista é uma figura de extrema importância na vida das mulheres. Por esse motivo, ele deve estar apto a rastrear as principais doenças ou condições a que está sujeita a sua paciente em cada faixa etária, além de indicar as vacinas apropriadas a cada uma delas. Não existe uma única diretriz que uniformize tais indicações, mas isso não deve ser visto como empecilho para a realização da prática médica diária na ginecologia”, defendem os pesquisadores, segundo os quais as mulheres devem passar por rastreio glicêmico, avaliação da função tireoidiana, investigação de perfil lipídico, osteoporose, hipovitaminose D, infecção do trato urinário e bacteriúria assintomática, câncer de cólon, mama e colo de útero, além de infecção por clamídia.
De acordo com Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM) mulheres de 20 a 59 anos devem receber as seguintes vacinas:
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola): caso não tenha recebido duas doses com intervalo de um mês entre elas em idade superior a 1 ano. É uma vacina contraindicada apenas em gestantes e encontra-se disponível na rede pública de saúde para mulheres de até 49 anos.
Hepatite B: esquema 0-1-6 meses caso nunca tenho sido vacinada ou tenha recebido esquema incompleto. Está disponível no sistema público e é recomendada também para as gestantes.
Hepatite A: não encontrada no sistema público, deve ser recebida em duas doses com esquema de 0-6 meses.
Tríplice bacteriana do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche): se o esquema básico contra o tétano estiver completo a mulher deve receber um reforço a cada 10 anos. Se esquema estiver incompleto deve ser fornecida uma dose de dTpa e completar a vacinação com uma ou duas doses de dT de a forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico. Gestantes devem receber sempre dTpa . A vacina é fornecida pelo Sistema Público.
Varicela: Para as mulheres suscetíveis, duas doses com intervalo de um a dois meses. A vacina, no entanto é contraindicada para as gestantes e não é fornecida para adultos no Sistema Público.
Influenza: dose única anual. Fornecida pelo Sistema Público, porém só para grupos de riscos como idosas e gestantes.
Febre amarela: Uma dose para residentes ou viajantes para áreas de vacinação. Se persistir risco deve ser fornecido reforço a cada 10 anos. É preciso que se vacine pelo menos 10 dias antes da viagem. É contraindicada para gestantes e para lactantes e é fornecida pelo Sistema Público.
Meningocócica conjugada ACWY: Considerar uso avaliando situação epidemiológica. Uma dose. Não fornecida à mulheres pelo Sistema Público.
Meningocócica B: Duas doses com intervalo de um mês. Considerar uso de acordo com situação epidemiológica, também não fornecida pelo Sistema Público.
Pneumocócicas: Esquema sequencial de VPC13 e VPP23 é recomendada para mulheres de 60 anos ou mais, porém não é fornecida pelo Sistema Público.
Herpes zoster: para mulheres com 60 anos ou mais em dose única, não fornecida pelo Sistema Público (20).
*Para meninas de 9 a 13 anos 11 meses e 29 dias é fornecido pelo Sistema Público a vacina contra o HPV que deve ser tomada em duas doses no esquema 0-6 meses.