A equipe médica constatou a presença do vírus da zika no líquido cefalorraquidiano de um homem de 81 anos atingido por uma meningoencefalite, uma perigosa inflamação do cérebro e das meninges, segundo um relatório que acaba de ser publicado na revista médica americana New England Journal of Medicine (NEJM).
Este novo estudo mostra que os casos se multiplicam sobre a propensão do vírus da zika, que durante algum tempo se pensou ser trivial, de atingir seriamente o sistema nervoso.
O homem, hospitalizado em 10 de janeiro de 2016 na área de neurologia, foi transferido na manhã seguinte para a UTI por causa de uma piora rápida de seu estado, com a aparição de um coma que necessitou de uma assistência respiratória artificial, segundo os médicos do hospital Henri-Mondor, em Créteil, nos arredores de Paris.
"É o primeiro caso deste tipo de que temos conhecimento", disse à AFP Guillaume Carteaux, co-autor do relatório publicado no NEJM. "As outras causas infecciosas, virais e bacterianas, foram descartadas", explicou, citando em especial o vírus da herpes, catapora, herpes zóster e outros arbovírus.
O homem, que estava "em perfeita saúde" antes de cair doente, retornou dez dias antes de um cruzeiro no Pacífico Sul (Nova Caledônia, Vanuatu, Ilhas Salomão, Nova Zelândia).
Febril (39,1 graus Celsius) e em coma, ele apresentou hemiplegia (paralisia do lado esquerdo do corpo) e um comprometimento motor do braço direito, observaram os intensivistas que cuidaram do paciente.
Exames de imagens médicas foram sugestivos de meningoencefalite, uma inflamação importante do cérebro e das meninges, compatível com uma infecção.
Os médicos procuraram uma variedade de bactérias e vírus que poderiam estar envolvidos, como o vírus da dengue e chikungunya.
Um teste conhecido como amplificação genética (PCR) detectou o material genético do vírus no líquido recolhido por punção lombar na fase aguda, no momento da chegada na UTI.
O vírus da zika está presente na América Latina.
Está má-formação grave e irreversível se caracteriza por um tamanho anormalmente pequeno do crânio dos recém-nascidos.
O surto de zika e sua potencial relação com má-formações congênitas levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar uma emergência global.
O Brasil detectou no final de 2015 um aumento incomum nesta malformação congênita na região nordeste. A microcefalia danifica o cérebro e limita o desenvolvimento motor e intelectual.
As autoridades estimam que um milhão e meio de pessoas foram infectadas pelo vírus da zika no Brasil. Cerca de 80% dos casos são assintomáticos..