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A médica veterinária Cláudia Godoi conta que esse tem sido um questionamento recorrente entre os donos dos pets, preocupados com a possibilidade de os bichos serem infectados. A médica veterinária afirma que a imunidade dos animais ao vírus ainda é recente e está sendo pesquisada, mas já surgem algumas prováveis explicações. “Há um estudo que defende, como uma possível razão, a concentração de uma determinada proteína, presente somente no sangue humano, chamada isoleucina. Justamente esta é a proteína utilizada como fonte de energia pelo mosquito Aedes aegypti para conseguir se reproduzir”, explica Cláudia. Os animais domésticos não possuem a isoleucina e, por isso, a preferência do mosquito é se alimentar do sangue humano, difundindo a doença.
Mas, atenção: por mais que pets não possam contrair a doença, para evitar o próprio contágio, os donos devem ficar atentos à limpeza correta da vasilha de água usada pelos bichinhos. Existem cuidados a serem tomados e apenas trocar a água com frequência não é suficiente. É obrigatório higienizar o reservatório. Quando mal lavado, o recipiente pode se transformar em mais um foco de proliferação do mosquito. Sobre os novos modelos de bebedouros, que já vêm com um galão acoplado e são abastecidos automaticamente, a veterinária ressalta que é importante deixá-los sempre tampado para evitar que o mosquito deposite seus ovos no local.
Uma informação que muitas pessoas não sabem é que o Aedes aegypti coloca seus ovos na borda e não no fundo das vasilhas. “Ele deposita seus ovos na borda dos recipientes e estes podem permanecer lá, sem eclodir, por até por um ano”, alerta o infectologista Alberto Chebabo. Os ovos permanecem na vasilha mesmo sem água, porém, quando entram em contato com o líquido eclodem rapidamente e, em uma semana, as larvas já podem originar novos mosquitos e recomeçar o ciclo. Por isso, o infectologista destaca a importância de higienizar as bordas. “Não é preciso usar nenhum produto químico, como o detergente; a remoção é mecânica e pode ser feita com um pano ou com uma escova”, esclarece Alberto.
Quando a enfermeira Viviane Gusmão, 38 anos, e o servidor público Gustavo Kaufmann, 36, adquiriram Lucy, uma cadela da raça schnauzer, decidiram que não queriam uma vasilha convencional para colocar a água. Optaram por um modelo no estilo bebedouro, que parecia mais prático. “Pensei que dessa forma seria mais fácil evitar que o líquido ficasse parado e a Lucy sempre teria água fresca a disposição”, conta Viviane. Hoje, a enfermeira tem certeza de que fez a escolha certa. Como a vasilha fica completamente fechada, ela está tranquila, pois sabe que a probabilidade de os mosquitos transmissores da dengue se propagarem na sua casa é menor.
Apesar não fazerem parte do ciclo da dengue, os animais domésticos podem ser atingidos por outras doenças graves que também são transmitidas por mosquitos, como a leishmaniose e a dirofilariose. Existem pesquisas que defendem a probabilidade do mosquito transmissor da dengue também disseminar o parasita responsável pela dirofilariose ou verme do coração, como é conhecida a patologia. No entanto, de acordo com a médica veterinária, nenhuma relação entre as duas doenças foi comprovada até o momento. O transmissor principal continua sendo o inseto do gênero culex. Os mosquitos do gênero culex e Aedes possuem hábitos de vida diferentes e a sua reprodução ocorre em ambientes distintos.
Para evitar a exposição desnecessária dos animais de estimação a qualquer tipo de mosquitos, a médica veterinária recomenda o uso de repelentes. “Sempre oriento os donos a adotarem os repelentes na vida de seus bichinhos. No mercado, eles estão disponíveis em forma de coleira e de óleo para aplicação na pele do animal”, sugere.