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BICHOS

Animais de estimação adoram petiscos, mas comida demais pode trazer prejuízo à saúde deles

Lembre-se que a ração industrializada já é feita para suprir todas as necessidades nutricionais dos animais

Gustavo Perucci
Cristiana Guimarães com seus "filhos" westies: petiscos industrializados trocados por brócolis e couve-flor e exercícios na esteira, duas vezes ao dia - Foto: Edésio Silva/EM/D.A PRESS
Como legítimos xodós da família, os bichinhos de estimação têm um jeito todo especial de conseguir o que querem. Não que eles sejam muito exigentes. As demandas são básicas: carinho, passeio e, principalmente, comida. Com um olhar, uma carinha triste ou até sem esforço algum, os donos cedem e enchem seus pets de mimos e petiscos. Amor nunca é demais. Exercício físico moderado também não. Agora, quando o assunto é alimentação, a história é outra, e a comida está diretamente ligada à saúde do animalzinho.

Cristiana Guimarães tomou um susto quando Juan, um de seus 'filhos', da raça west highland white terrier – a outra é Sofia –, começou a mancar. Preocupada, levou-o ao veterinário clínico que já atendia os bichinhos.
Os exames não apontaram nenhuma lesão óssea ou muscular. O problema era outro: o pequeno westie (apelido da raça) estava com sobrepeso. Sofia também não escapou do diagnóstico e também teve de entrar em uma dieta.

Antes de o problema surgir, algumas situações já davam indícios de que os dois cães estavam um pouco acima do peso. “Um dia fui ao supermercado com eles e meu marido, que entrou para fazer compra. Fiquei na porta com os dois. Todo mundo que chegava falava que eles eram lindos, mas que estavam bem gordinhos. E ninguém gosta que falem que seus filhos estão gordinhos”, lembra Cristiana.

Marina Pellegrino, da UFMG, alerta quem tem pet sobre a humanização dos animais - Foto: ARQUIVO PESSOAL
Ao ler uma matéria no Estado de Minas, Cristiana conheceu o trabalho da veterinária especializada em endocrinologia animal Marina Pellegrino, do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e levou Juan e Sofia para uma consulta.

“Dávamos ração normal, mas não medíamos a quantidade. Outro erro foram os petiscos, desses que vendem em pet shop. Achávamos que eles podiam comer sempre. Só que eles não têm valor nutricional e são cheios de gordura. Isso fez com que eles engordassem. Também aumentava o apetite deles. Aí começamos a perder um pouco o controle”, lembra.

Hoje, os petiscos industrializados foram substituídos por brócolis e couve-flor.
A ração, especial para regime, também tem quantidade e horários controlados. A atividade física dos westies também foi intensificada, e eles fazem esteira duas vezes ao dia. Para a felicidade de Cristiana, o resultado foi um sucesso. Juan, que antes da dieta pesava 14kg, perdeu 3,5kg, mais de 20% de seu peso. Já a Sofia foi de 11,5kg para 8,9kg, uma perda de 2,6kg.

“Eles emagreceram e estão superanimados, ágeis e brincando muito. É importante os donos seguirem as recomendações dos veterinários. Às vezes achamos que a ração é pouca, mas ela é completa para o bichinho.”

CUIDADOS
A veterinária Marina Pellegrino explica que a ração industrializada já é feita para suprir todas as necessidades nutricionais dos animais. Ela nota que os proprietários se preocupam com a alimentação dos bichinhos, mas, sem orientação, acabam cometendo alguns erros. “Muitas vezes, os donos condicionam o animal a receber petiscos ou a comer mais que o necessário. É tanto amor, que acaba resultando num excesso de peso”, orienta.
Ela afirma que a humanização dos animais é uma das principais causas do aumento da obesidade dos pets. “Os bichos acompanham o estilo de vida do proprietário, tanto em relação à comida quanto aos exercícios. Além disso, cães e gatos não têm o mesmo paladar nem as mesmas necessidades que nós, humanos. Eles precisam de uma quantidade de carboidrato quase que mínima. Quando você dá um pão, um pão de queijo, você está realmente prejudicando esse animal e pode favorecer o ganho de peso. O carboidrato não é tão essencial para os cães e gatos como a proteína”, orienta.

Antes de definir o cardápio diário do pet, é necessário fazer uma avaliação completa da saúde dele. Cada animal tem uma necessidade diferente, que vai variar pela raça ou no caso de alguma doença. “A obesidade pode ser de origem alimentar, pelo excesso de comida, ou pelo estilo de vida do animal. Mas é importante ressaltar que pode haver alguma endocrinopatia envolvida, como hiperadrenocorticismo ou hipotireoidismo. Antes de adotar algum regime, é importante avaliar o animal para excluir qualquer possibilidade de doença.”

Sobre os petiscos industrializados, Marina é enfática: “Na minha avaliação, não tem que ter petisco. Só a ração, com complemento de verduras, legumes e as frutas que são permitidas”. A veterinária alerta ainda que alguns alimentos devem ser evitados. Cada espécie tem suas limitações, mas a uva, por exemplo, é tóxica, principalmente para os cães. Cebola, alho, sal, chocolate e doces também devem ser evitados. “Abacate também não é legal, só que mais pelo caroço. Um monte de cães de grande porte vão para a cirurgia por causa do caroço.”.