O azeite de oliva é um dos únicos com comprovação científica de seus benefícios para prevenção de doenças cardiovasculares. Estudo publicado em 2013 na revista médica New England Journal of Medicine mostrou a capacidade do azeite em reduzir em até 30% problemas cardiovasculares. A nutróloga enfatiza que os óleos vegetais de uma maneira geral mantêm suas características apenas se consumidos in natura; portanto, devemos evitar os óleos vegetais para cozimento.
Há muitas especulações sobre óleos que ajudam a queimar calorias e emagrecer. Cristiane Ribeiro diz que os estudos para essa finalidade ainda são escassos e pouco conclusivos. “O óleo de coco foi muito divulgado com relação a essa propriedade pelo fato de ser absorvido rapidamente, ir para o fígado para ser oxidado e gerar energia e por não ser estocado. Por isso, muitos estudiosos acreditam que esse óleo pode melhorar o metabolismo e ajudar a queimar a indesejada gordura abdominal. Mas não se pode ainda conferir essa propriedade ao óleo de coco. Faltam estudos mais aprofundados”, acrescenta.
A nutricionista Patrícia Lopes, especializada em suplementos alimentares, explica que há no mercado vários óleos funcionais capazes de impulsionar a eliminação de gordura corporal. Ela selecionou sete produtos disponíveis comparando suas qualidades nutricionais (veja quadro). “A ingestão de óleos naturais é o empurrão extra para adotar hábitos mais saudáveis. Para quem deseja eliminar alguns quilinhos, o ideal é combinar o consumo de óleos funcionais a uma dieta balanceada e exercícios físicos”, ensina.
CANOLA X SOJA
Hoje em dia, muitas donas de casa já dispensam o óleo de soja e pagam mais caro pelo canola.
O questionamento quanto ao óleo canola abre dúvidas quanto ao de milho e girassol. “Ainda considero escolha inteligente o consumo de azeite. Os óleos de milho e girassol são óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados quando submetidos a altas temperaturas. Eles produzirão aldeídos devido ao processo de oxidação. Então, seu consumo deve ser feito in natura, e ambos não devem ser usados para cozimento.”
Diante dessas questões, como ficaria o óleo de soja, apontado como vilão? “Os óleos vegetais são bem parecidos em sua composição. O óleo de soja tem ácidos graxos poli-insaturados, ômegas 3, 6 e 9 e é melhor ser consumido in natura.
Bons aliados
Apesar de alguns especialistas afirmarem não haver comprovação científica de que alguns óleos chamados funcionais têm o poder de queimar a gordura abdominal, a nutricionista Patrícia Lopes, especializada em suplementos alimentares, explica um pouco sobre os benefícios de cada um deles:
1) Óleo de coco: antioxidante natural, ele retarda o envelhecimento, previne doenças como o câncer, reduz as taxas de colesterol sanguíneo e também promove saciedade ao corpo. Atua com agilidade na absorção e no transporte da gordura para o fígado, onde esta se transforma em energia, acelerando o metabolismo. Cerca de 50% da gordura do coco é composta por ácido láurico (ácido graxo), de ação antibacteriana, antifúngica, antiviral e antiprotozoária, que atua diretamente no fortalecimento do sistema imunológico.
2) Óleo de baru: novidade no mercado, esse óleo é extraído da semente da castanha de baru. Tem propriedades nutricionais, por ser rico em ácidos graxos – ômegas 3, 6 e 9 –, proteínas, fibras, além de ser fonte de minerais como cálcio, ferro e zinco. O baru aumenta a atividade das enzimas antioxidantes e desempenha papel importante na redução do estresse, um dos principais agentes causadores do ganho de peso. Com propriedade sacietógena tão grande quanto a chia, o produto desempenha ação cardioprotetora, uma vez que promove a redução do colesterol LDL e o aumento nos níveis do colesterol HDL, o chamado bom colesterol. O produto foi testado em estudo científico e comprovado que ele ajudou na perda de 1,5kg de gordura em dois meses.
3) Óleo de linhaça: rico em ácidos graxos que estimulam a saciedade, o óleo da semente de linhaça auxilia na redução do colesterol ruim, o LDL, e protege o organismo de doenças cardiovasculares e doenças cancerígenas na mama e na próstata. Outro benefício do consumo desse óleo é a prevenção dos sintomas da menopausa.
4) Óleo de amêndoas: fonte de ácido oleico, ácido linoleico, ácido palmítico, ferro, cálcio e fósforo, o óleo de amêndoas é muito utilizado no preparo de licores e produtos de confeitaria e receitas culinárias, bem como em saladas e refogados. Seu uso cosmético amacia e tonifica a pele e alivia coceiras. Ele tem propriedades rejuvenescedoras, regeneradoras, hidratantes e nutritivas.
5) Óleo de abóbora: extraído da semente de abóbora, tem propriedades antioxidantes por ser abundante em vitamina E, alfa-tocoferol e gama-tocoferol. É também fonte de vitamina A e do complexo B, minerais como cálcio, ferro, potássio, fósforo e selênio. Além de ser um poderoso antioxidante, ajuda a prevenir o câncer de próstata, inibir a inflamação ou o crescimento do tecido prostático. Também é usado pela medicina popular como diurético e vermífugo.
6) Óleo de cártamo: excelente para aqueles que buscam redução da gordura corporal e o aumento da massa magra. O óleo extraído da semente de cártamo atua na gordura localizada do abdômen. Tem de 60% a 80% de ácido linoleico e de 20% a 40% de ácido oleico, duas substâncias importantes para ajudar na perda de peso. Mas, como todo óleo, seu uso deve ser moderado: tome no máximo duas a três cápsulas por dia (ou uma colher de sopa), meia hora antes ou depois das principais refeições. Além disso, para turbinar os efeitos, o melhor é combinar com exercícios físicos.
7) Óleo de gergelim: alivia os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM) por conter elevadas quantidades de vitamina E. Antioxidante natural, protege as células contra os radicais livres e o envelhecimento precoce. Fonte de ácidos graxos insaturados, ômegas 6 e 9, é indicado para quem deseja suplementar a alimentação com nutrientes fundamentais para o bom funcionamento do corpo.
E a fritura? Só de vez em quando...
Com os óleos na berlinda e a fritura sempre desestimulada pelos médicos, a saída é mesmo fugir dessa forma de preparo dos alimentos? Conforme a médica nutróloga, “a fritura é desestimulada pela alta densidade energética que apresenta, uma vez que durante o frigir os alimentos perdem água e absorvem as gorduras. Portanto, se a pessoa está preocupada em não aumentar o teor calórico da alimentação ou está em tratamento para redução do peso, é aconselhável evitá-la. Os óleos têm mais do que o dobro de calorias comparando com carboidratos e proteínas. Mas precisamos sempre pensar com bom senso no que diz respeito à restrição de determinados alimentos. Podemos ingerir alimentos fritos com moderação”.
Para Cristiane, levando-se em conta o estudo feito em Leicester, “os óleos ruins para fritura são os poli-insaturados – soja, milho e girassol –, porque produziram mais substâncias tóxicas durante o aquecimento. “Os melhores óleos para frituras são as gorduras saturadas e óleos monoinsaturados: banha animal, óleo de coco, azeite e óleo canola. Esses produziram menos toxinas durante o aquecimento”.
Com tantos tipos de produtos no mercado, os mais badalados são os chamados óleos funcionais, entre eles linhaça, amêndoa, cártamo e baru. “Os alimentos funcionais são aqueles que, além de fornecer energia para o organismo, apresentam outras substâncias, chamadas nutracêuticas, que atuam na prevenção de doenças. Portanto os óleos chamados funcionais apresentam substâncias boas, como os ômegas 3, 6 e 9. Alguns podem apresentar teor mais alto de vitamina E. Esses óleos, em doses corretas, podem trazer efeitos protetores para o coração, auxiliar na baixa do colesterol “ruim” LDL e apresentar antioxidantes que retardam o envelhecimento celular”, explica.
A verdade, ressalta a nutróloga Cristiane Ribeiro, é que “devemos buscar o equilíbrio alimentar associado à prática de atividade física regular para que possamos desfrutar de boa saúde e ficar em paz com nosso corpo”..