Há quatro anos, ela ministra aulas de sling dance na Studio de Dança Lorena Guerra, que apostou no método que leva seu próprio nome. A terapeuta corporal, que afirma ser a precursora da atividade em Brasília, é professora de dança para mulheres há 20 anos. Ela conta que a dança é importante para aliviar as tensões e ajudar as alunas a se reconectarem com o próprio corpo após a maternidade. Ela critica a pressão que a concepção de maternidade atual traz, com carga excessiva de tarefas e momentos de prazer — individuais e compartilhados — escassos.
O astro da atividade é o sling, pano que deve ser amarrado ao corpo do adulto de modo que forme uma “bolsa” para abrigar a criança. O resultado é algo parecido com cangurus. O acessório é uma alternativa para carrinhos de bebê, e a contadora Keila Rocha, 33 anos, afirma que é uma grande ajuda no dia a dia das mamães.
Mariana Russo lembra que um dos princípios da aula é o Método Movare, em que cada articulação é trabalhada para “destravar” o corpo. Ela usa, inclusive, ilustrações dos movimentos para facilitar a visualização. Hoje, além de ministrar as aulas, Mariana presta consultoria para o Ministério da Saúde na área de fortalecimento de vínculo familiar e ressalta que o sling é importantíssimo nessa aproximação. A terapeuta conta que já chegou, inclusive, a ministrar aulas para homens.
Essa visão é compartilhada pela professora Dani Rico. “O objetivo é a afetividade, o colo, a troca de calor”, conta.Dentre os principais benefícios dessa dança para os pequenos estão a melhora da cólica e do sono. Mas o maior ganho, sem dúvida, é o contato com a mãe. Segundo Russo, o uso do sling ajuda no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. “É uma atividade para a fase do pós-parto, pensando muito mais no bem-estar e no prazer de ambos. Quando você tem uma mãe feliz e relaxada, o bebê está bem”, afirma.
Arthur, de 7 meses, faz a atividade com a mãe desde os 2 meses e meio de idade.
Outro ponto positivo, nesse caso, para as mães é a socialização e a quebra da rotina de puerpério, que pode ser cansativa e entediante. Os bebês das servidoras públicas Flávia Silva, Sílvia Corti e Márcia Rocha, todas de 33 anos, não faziam nenhuma atividade até então. Elas se conheceram em um outro programa de gestantes, mas foi a amiga Priscila Grynberg, de 35 anos, quem apresentou a modalidade. “É uma oportunidade de reencontrá-las e conhecer os bebês”, comemoram. O happy hour baby, como é conhecido, é um momento de amizade natural que as mães criam quando se reúnem para um lanche após a aula. “É importante essa troca de experiências e compartilhamento”, observa a professora.
Para algumas das alunas da professora Dani Rico, que idealizou um programa para mamães que começa já na gravidez, o foco da aula é a queima calórica, limitada pela falta de tempo na rotina materna. A advogada Rosiane Camargo, de 35 anos, pratica a modalidade desde os 3 meses do filho Otaviano, atualmente com 6 meses. Desde a gestação, ela fazia parte do Programa Dani Rico e realizava outras atividades, como natação.
O sling dance não é uma atividade de risco, mas pede alguns cuidados. O bebê deve ficar sentadinho e de frente para a mãe, não pode estar deitado ou com a cabeça solta do pano. O ritmo da música não pode ser muito agitado, devido ao risco da síndrome do bebê sacudido. Apesar do claro acréscimo de peso com o corpinho do bebê, um sling bem posicionado distribui a massa igualmente e não sobrecarrega a coluna de quem o estiver carregando..