Apaixonada pela fruta, Sarah A. Johnson, diretora-assistente do Centro de Pesquisas Avançadas em Nutrição e Exercícios Físicos no Envelhecimento da Universidade Estadual da Flórida (EUA), explica que o segredo do mirtilo está na quantidade e na qualidade de flavonoides que esse superalimento contém. Os flavonoides consistem em um grupo de mais de 6 mil nutrientes com reconhecidas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Alguns são mais potentes do que outros, e as blueberries são particularmente ricas em antocianina, uma poderosa substância estudada há décadas por cientistas.
Uma das principais frentes de ação desse tipo de flavonoide é o sistema circulatório.
Em uma das pesquisas mais recentes na Universidade da Flórida, a nutricionista verificou que a ingestão diária de 22g de mirtilo desidratado — o equivalente a uma xícara da fruta fresca — reduziu em 5% a pressão sistólica e em 6,3%, a diastólica de mulheres na pós-menopausa com pré-hipertensão ou hipertensão em estágio inicial. Após oito semanas, elas também foram beneficiadas com uma redução de 6,5% na rigidez arterial. “Nós também descobrimos que houve um aumento de 68,5% na circulação sanguínea do óxido nítrico, uma substância importante para o alargamento das veias sanguíneas. Isso é muito importante porque a rigidez e o estreitamento das veias e artérias estão envolvidos com a hipertensão”, observa Johnson.
A redução da hipertensão também foi observada por pesquisadores da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, que publicaram, recentemente, um estudo sobre os benefícios da fruta na revista Applied Physiology, Nutrition and Metabolism. No estudo, eles investigaram o potencial da variedade selvagem do mirtilo, uma das poucas espécies frutíferas nativas da América do Norte, no combate à síndrome metabólica, um grupo de fatores de risco caracterizados por obesidade, hipertensão, inflamações, intolerância à glicose, resistência à insulina, disfunção endotelial e dislipidemia (percentual elevado de gordura no sangue).
Feito com ratos obesos, o estudo mostrou que a ingestão de uma quantidade que, para humanos, seria o equivalente a duas xícaras da fruta fresca por dia, alarga as paredes das veias e melhora a circulação do sangue, além de reduzir os processos inflamatórios presentes antes do experimento. Além disso, o mirtilo melhorou o perfil lipídico dos animais e a função endotelial. “Esses resultados são mais uma evidência do grande potencial dos alimentos para combater patologias. Um número elevado de pessoas sofre de síndrome metabólica, e esperamos poder evitar esse mal utilizando apenas alimentos, sem necessidade de medicamentos”, diz Klimis Zacas, um dos autores do estudo e pesquisador de nutrição clínica da Universidade do Maine.
O consumo da fruta fresca é o ideal para se obter os benefícios, ressalta Eric Rimm, professor da Faculdade de Saúde Pública de Harvard. Ele lembra que, devido às evidências cada vez mais robustas sobre as qualidades do mirtilo, a indústria de suplementos tem lançado no mercado versões do alimento em cápsula ou em pó. De acordo com o médico, esses produtos são desnecessários. “Para proteger a saúde cardiovascular, não há nada como ingerir a fruta fresca.
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