"Nós devemos agir", afirmou a diretora da OMS, Margaret Chan, durante coletiva de imprensa após uma reunião excepcional do comitê de urgência.
A OMS considerou que uma relação "altamente suspeita" entre este vírus e uma alta inédita na América Latina no número de casos de microcefalia, uma malformação congênita em crianças que nascem com uma cabeça e um cérebro anormalmente pequenos.
A agência da ONU decretou que esta situação é um "estado de emergência sanitária mundial".
"Todos concordaram com a necessidade de coordenar os esforços internacionais para investigar e compreender melhor esta relação", declarou Chan.
A agência da ONU parece preocupada em fazer esquecer a crítica relacionada com sua resposta - considerada muito lenta por muitos - ao recente surto de ebola na África.
"Os especialistas acreditam que a extensão geográfica das espécies de mosquitos que podem transmitir o vírus, a ausência de vacinas e testes confiáveis e a falta de imunidade da população nos novos países afetados (...) são causas adicionais para preocupação", continuou Chan.
A OMS alertou na semana passada que o zika vírus está se espalhando "de maneira explosiva" nas Américas, com 3 a 4 milhões de casos esperados em 2016.
O zika também pode estar associado à síndrome neurológica de Guillain-Barré (GBS), uma condição rara que causa paralisia.
Tal como a dengue e a chikungunya, o zika - que leva o nome de uma floresta em Uganda, onde foi visto pela primeira vez em 1947 - é transmitido pela picada do mosquito 'Aedes aegypti' ou 'Aedes albopictus' (mosquito tigre). Seus sintomas comuns são febre baixa, dores de cabeça e erupções cutâneas.
A OMS se absteve até o momento de desencorajar viagens para países afetados pelo zika, apenas indicando que a melhor maneira de evitar a infecção é ficar longe da água parada onde os mosquitos proliferam e utilizar repelentes.
Efeito El Niño
O Brasil fez um alerta em outubro sobre um número elevado de nascimentos de crianças com microcefalia na região Nordeste. Atualmente há 270 casos confirmados e 3.448 em estudo, contra 147 em 2014.
O país notificou em maio de 2015 o primeiro caso de doença pelo vírus zika. Desde então, "a doença se propagou no país e também em outros 22 países da região", aponta a OMS.
Com mais de 1,5 milhão de contágios desde abril, o Brasil é o país mais afetado pelo vírus, seguido pela Colômbia, que no sábado anunciou mais de 20.000 casos, 2.000 deles em mulheres grávidas.
A Colômbia, segundo país mais afetado do mundo pelo zika depois do Brasil, prevê mais de 1.500 casos da síndrome neurológica de Guillain-Barré associada a este vírus - disse nesta segunda-feira o ministro da Saúde, Alejandro Gaviria.
"Há uma sobreposição suficiente no espaço e no tempo para dizer que aqui há claramente uma associação" entre o zika vírus e esta síndrome, que pode provocar até uma paralisia definitiva, explicou.
A Colômbia aconselhou as mulheres a adiarem a gravidez por seis a oito meses.
O alerta também soou na Europa e Estados Unidos, onde o vírus foi detectado em dezenas de pessoas que viajaram ao exterior. No domingo, um instituto de pesquisa na Indonésia anunciou um caso positivo na Ilha de Sumatra e anunciou que o vírus circula "há algum tempo" no país.
A OMS teme que a situação derivada do fenômeno climático El Niño - particularmente poderoso desde 2015 e que favorece o aquecimento climático - provoque um aumento do número de mosquitos. .