Pediatra dá nove dicas para quem vai visitar um bebê recém-nascido

O desejo de prestigiar a chegada de uma nova pessoa na família ou no círculo de amizades deve ser acompanhado de alguns cuidados para garantir o bem-estar da criança e não sobrecarregar a mãe em um momento tão delicado como o puerpério

por Valéria Mendes 22/01/2016 11:44
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Antes de se aproximar dos pequenos é essencial higienizar as mãos (foto: SXC.hu)
A chegada de uma criança à família é sem, dúvida, uma das grandes emoções da vida. A vontade de compartilhar esse momento com a mãe e o pai do bebê é tão grande que muitas pessoas sequer conseguem esperar a alta da maternidade. E por incrível que pareça, nesses casos, quanto maior é a intimidade com o casal também aumentam as chances de deslizes como os palpites fora de hora, a duração da visita e o respeito à privacidade.

Por tudo isso, a primeira regra de etiqueta é perguntar qual o melhor momento para esse primeiro encontro. Se existem algumas famílias que acham prático a visita ainda no hospital – por não precisarem se importar com a organização da casa e com a alimentação dos convidados -, para outras é essencial que, antes de abrir as portas da casa, a amamentação já esteja consolidada e o bebê bem integrado à rotina dos pais.

Pouco se fala sobre o puerpério e, para quem ainda não é pai ou mãe, a sensação de que a chegada de um bebê é um universo cor-de-rosa e repleto exclusivamente de amor – percepção sustentada no viés machista de que a maternidade é a maior realização da vida de uma mulher – é, na grande maioria dos casos, equivocada. O início da maternidade é um período difícil de adaptação para todos os membros do núcleo familiar e pode ser de muita solidão para a mulher, lembrando que a licença-paternidade no Brasil é de apenas cinco dias.

Além do período de recuperação do parto - não podemos esquecer que 52% dos bebês do país nascem de cesariana e 53,5% das mulheres que têm seus bebês de parto normal são submetidas à episiotomia (corte que se faz entre a vagina e o ânus e também necessita de pontos) -, a sucessão de noites mal dormidas, a dedicação ao aleitamento materno, as cólicas do recém-nascido e a preocupação com os cuidados do bebê podem ser razões para adiar um pouco a primeira visita. Geralmente, é a partir do terceiro mês que as mães ficam mais abertas e tranquilas para receber convidados.

Membro da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Ilson Enk destaca algumas regras básicas de comportamento para não atrapalhar o início da convivência da família com o bebê.

Sem beijo
Muitas pessoas já sabem disso, mas nunca é demais lembrar. Para evitar disseminar alguma doença ou virose, uma importante dica é não pegar na mão do bebê ou beijá-lo. Antes de se aproximar dos pequenos é essencial higienizar as mãos.

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O sono do bebê é importante não só para a criança, mas também é o momento que mãe e pai têm para fazer outras atividades e relaxar (foto: SXC.hu)


Não peça para a mamãe acordar o bebê
Ok que você pode ter esperado muito por esse momento, mas se por acaso, o bebê estiver dormindo quando for visitá-lo, não peça para que seja acordado. O sono da criança deve ser respeitado. Lembre-se que mãe e pai passam noites acordados e esse é o momento que eles têm para fazer outras atividades e relaxar um pouco. Aproveite o momento para conversar e dar atenção a eles.

Evite visitas em horários de refeição
O ideal é que se coma antes de ir visitar um bebê para que a família não tenha que se preocupar em preparar um lanche. Um recém-nascido altera a rotina da casa como um todo e é raro que um pai e uma mãe consigam terminar uma refeição sem deixá-la esfriar e muitos menos que consigam se alimentar ao mesmo tempo. Por isso, evite os horários de almoço e jantar. Também pode ser gentil levar uma comida pronta para oferecer aos pais que nem sempre têm tempo para cozinhar.

Só pegue o bebê se a mãe oferecer
Por mais que a vontade de sentir aquele bebê nos braços seja grande, contenha-se. Só pegue a criança no colo se a mãe oferecer.

Não dê palpites sobre amamentação ou colo
Segure a língua. Lembre-se que o leite materno é o melhor e o mais completo alimento para um bebê. Até os seis meses de vida, a criança não precisa nem de água. O colo também é fundamental para um recém-nascido. A ideia de que dar colo é criar crianças dependentes não se sustenta no conhecimento científico produzido sobre a infância que mostra que quando o bebê tem suas necessidades atendidas, ao contrário do que se pensa, se sente mais confiante e esse sentimento vai favorecer o desenvolvimento da independência e da autonomia.

Não use perfumes fortes
Lembre-se que o bebê tem um olfato sensível e que a criança também pode ter alergias ou restrições.

Não tire fotos sem a autorização da mãe
Não é toda família que gosta de expor as crianças nas redes sociais. Aproveite o momento com o bebê e os pais e guarde-o na memória. No caso de famílias que curtem os registros, é só evitar os flashes para não incomodar o bebê.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses que pode ser estendido até 2 anos ou mais (foto: SXC.hu)


Hora de amamentar é hora de a visita ir embora
Apesar de estarem surgindo cada vez mais leis em cidades brasileiras que garantam o direito da amamentação em público – BH está em vias de ter a sua -, não é toda mãe que se sente confortável em amamentar seu bebê na frente de outra pessoa. Por isso, se a criança começou a ficar incomodada e dar sinais de fome, aproveite para se despedir ou então pergunte se a mãe gostaria de amamentá-la reservadamente.

Ajude
A pilha de louças para lavar está grande? Ofereça ajuda. É comum que as tarefas da casa se acumulem para que mãe e pai possam se dedicar e se revezar no cuidado com o bebê. Se a criança estiver dormindo ou tenha acabado de mamar, você também pode se oferecer para cuidar do bebê um pouco para que a mãe possa tomar um banho relaxado ou fazer uma refeição tranquila.