O Unicef está acompanhando as ações do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais para combater a proliferação do mosquito, e também monitora a evolução dos casos de microcefalia no Brasil. A malformação em recém-nascidos está relacionada à infecção das mães pelo vírus Zika.
Por meio do projetos Selo Município Aprovado e Plataforma dos Centros Urbanos, mais de 1,6 mil municípios da Amazônia, do Semiárido e dos grandes centros urbanos estão articulados com o Unicef em um trabalho que mobiliza uma rede de articuladores e adolescentes. “A ideia é reforçar o trabalho que vem sendo feito, especialmente de combate ao mosquito, porque se conseguirmos combater o mosquito, vamos reduzir infecção pelo Zika, chikungunya e dengue, que comprometem muito a saúde e podem levar à morte.”
Segundo a médica, mesmo tendo informações sobre o Aedes aegypti, muitas pessoas não verificam os locais de foco do mosquito. Embora reconheça que a mudança de comportamento não é fácil, Francisca diz acreditar nos efeitos da campanha do Ministério da Saúde que estimula a população a fazer uma avaliação semanal nas residências, condomínios e locais de trabalho, com o objetivo de interromper o ciclo do mosquito. O Aedes aegypti passa de larva à fase adulta em uma semana.
A especialista em programas do Unicef lembrou que, mesmo que um agente de saúde ou de endemias passe por uma residência, a visita só se repetirá em três meses ou mais.
No caso de empresas, a recomendação da Unicef para as instituições que queiram aderir à campanha de combate ao Aedes aegypti é criar brigadas contra o inseto nas comissões internas de prevenção de acidentes (Cipas). De acordo com a especialista do Unicef, algumas secretarias estaduais de saúde estão fazendo treinamento de funcionários em empresas. “São brigadas que podem se juntar às Cipas para também proteger os funcionários desse agravo que seriam as infecções transmitidas pelo mosquito".
Teste rápido
Na avaliação de Francisca, o teste rápido para diagnóstico da dengue, Zika e chikungunya, que começará a ser distribuído para os laboratórios centrais da Fundação Oswaldo Cruz até o fim de fevereiro, vai contribuir para o tratamento das doenças.
“A gente já tem uma boa experiência no Brasil com o teste rápido do HIV, que traz resultado em 15 ou 20 minutos para dar uma resposta, então, se a gente tiver também nas três doenças causadas pelo Aedes, vai ser um avanço maravilhoso para o diagnóstico e para o tratamento das pessoas”.
A pediatra defendeu que gestantes, crianças e idosos tenham prioridade no uso dos testes. “O ideal é que este teste esteja disponível para a população inteira, para todos que manifestem os sinais e sintomas das doenças, que procurem os serviços de saúde, mas com prioridade para esses grupos”, apontou.
Segundo a especialista, atualmente, os diagnósticos de Zika se baseiam nas manifestações clínicas como sinais e sintomas, o que dificulta a definição de estatísticas da doença no Brasil..