Nem um, nem outro, mas um pouco dos dois.
Para Gabriel Gontijo, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os nutricosméticos, por exemplo, são uma opção quando não se tem uma dieta rica em vitaminas. “Feitos de substâncias antioxidantes, que previnem o envelhecimento, eles não adiantam se não se tem a deficiência, caso em que vale a pena fazer uma complementação. Se a pessoa tem uma boa alimentação, com alimentos ricos em flavonoides, polifenóis, vitamina C e carotenoides, encontrados, por exemplo, em alimentos amarelados como cenoura, mamão e também no brócolis, não há necessidade de tomar nada”, defende.
Segundo a nutricionista Renata Rodrigues, do Instituto Mineiro de Endocrinologia, a absorção dos nutrientes na alimentação é muito maior quando comparada às cápsulas. “A comida é sempre a primeira escolha”, defende a especialista, segundo a qual os nutracêuticos são receitados há muito tempo, embora só mais recentemente as pessoas tenham compreendido seus reais benefícios para a saúde.
MODISMO Os nutracêuticos representam o segmento que mais cresce na indústria de alimentos em todo o mundo, sendo, também, ramo importante da indústria farmacêutica. O uso desses compostos de forma consciente e segura traz benefícios à população. Mas, segundo Laís Bhering Martins, mestre e doutoranda em ciências de alimentos pela UFMG, muitos componentes isolados de alimentos são vendidos sem necessidade de prescrição e consumidos pela população sem acompanhamento de profissional capacitado, podendo, assim, exercer efeitos maléficos. Para que não se torne modismo, é importante que a população e os profissionais de saúde tenham senso crítico ao consumir ou indicar esses produtos.
Estratégias terapêuticas
Nutracêutico, junção das palavras “nutrição” e “farmacêutica”, foi um termo criado em 1989 para designar uma variedade de componentes da dieta, que inclui alimentos funcionais, nutrientes isolado e alimentos processados ou geneticamente modificados. As classes mais disseminadas são as fibras dietéticas, ácidos graxos poli-insaturados (ômega-3), minerais e outros componentes alimentares antioxidantes (glutationa, selênio, vitamina C, vitamina E). Há séculos, componentes presentes em alimentos e produtos naturais são usados popularmente no tratamento de doenças e sintomas, mas, com o auxílio da tecnologia, eles puderam ser isolados e empregados em diversas condições. O estudo e desenvolvimento de nutracêuticos tem como objetivo promover novas estratégias terapêuticas que complementam a ação dos medicamentos convencionais.
Tratamento e prevenção de doenças
Entre os inúmeros ganhos ao consumi-los, especialistas ressaltam que os nutracêuticos diminuem a incidência de câncer e de acidente vascular cerebral
Segundo Laís Bhering, um alimento funcional também pode ser um nutracêutico.
“A principal diferença de consumir um componente isolado de um alimento é o fato de ingerirmos apenas uma parte daquele alimento e, muitas vezes, de forma mais concentrada. Um alimento é uma matriz complexa de componentes, que inclui carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas, minerais e fitoquímicos. Ao tomarmos suco de uva, por exemplo, ingerimos todos os componentes presentes nele, incluindo os flavonoides, considerados um nutracêutico. Podemos usufruir dos benefícios proporcionados pelos nutracêuticos ao consumirmos um alimento que é fonte desses componentes em uma dieta equilibrada, sem necessidade de suplementação dietética”, diz.
Entretanto, o uso de componentes alimentares isolados pode contribuir no tratamento de diversas doenças. “Essa é uma estratégia interessante para determinados indivíduos, desde que seja realizada com orientação de um profissional capacitado”, defende a nutricionista e pesquisadora. Os nutracêuticos, portanto, devem ser indicados de forma individualizada. Os ganhos ao consumi-los dependem da necessidade de cada indivíduo. Quando utilizados de forma segura, com indicação de nutricionista ou médico, esses componentes auxiliam no tratamento e prevenção de doenças e apresentam menores efeitos colaterais que medicamentos convencionais.
PERDA DE PESO A designer de interiores Jéssica Viganó, de 26 anos, conheceu os nutracêuticos por meio de sua nutricionista, em sua busca de perda de peso.
E foi assim que ela não teve dúvidas de recorrer aos nutracêuticos. Já usou chá-verde, colágeno e fibras naturais, além de complexos de vitamina e fórmulas manipuladas pela nutricionista. “Como não se trata de um remédio controlado, os efeitos são sutis, mas eficazes.” Jéssica consome as cápsulas à noite, nas últimas refeições do dia. “Tive bons resultados em todas as indicações, desde as vitaminas complementares até o complexo receitado em fórmula natural pela nutricionista, para aliviar a ansiedade, como auxiliar no tratamento” conta..