Santiago - A primeira vacina do mundo contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma doença de alta incidência mundial em crianças e que provoca dificuldades respiratórias graves, foi desenvolvida por cientistas chilenos que esperam disponibilizá-la ao público em quatro ou cinco anos.
O nocivo vírus sincicial é responsável por milhares de mortes e hospitalizações de crianças a cada ano em todo o mundo, ao provocar sintomas graves de bronquite obstrutiva, infecções das vias aéreas superiores e pneumonia nos casos mais graves.
Na época do inverno no Chile, favorecido pelo frio, poluição e umidade, o sincicial é responsável por oito em cada 10 internações de menores de dois anos, afetando também os adultos.
A cada ano, o Estado chileno gasta mais de 13 milhões de dólares em tratamentos para combater este vírus, que durante os meses de inverno causa colapso dos serviços de emergência tanto públicos como privados do Chile.
No Brasil, o VSR é um dos principais agentes etiológicos das infecções que acometem o trato respiratório inferior entre lactentes e crianças menores de 2 anos de idade, podendo ser responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade.
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"Este vírus é muito prejudicial e caro para a sociedade chilena, assim como para a grande maioria dos países", garantiu Kalergis.
TESTE EM HUMANOS Após 10 anos de desenvolvimento, a equipe de cientistas liderados pelo médico Kalergis conseguiu desenvolver uma vacina para prevenir o VRS. O antídoto já foi patenteado nos Estados Unidos em 2013 e recentemente a China fez a mesma coisa.
Os cientistas estão agora prontos para começar testes em humanos. Estudos pré-clínicos em animais foram bem sucedidos, atravessando todas as barreiras de segurança e autorizações exigidas pela Food and Drugs Administration (FDA) – agência de vigilância sanitária norte-americana – dos Estados Unidos.
Ainda permanecem outros estudos clínicos e a análise destes resultados para a vacina possa ser comercializada.
"Supondo que temos financiamento (para estudos clínicos) e os resultados são favoráveis, poderíamos ter a vacina em 4 a 5 anos", disse Kalergis.
O objetivo final é poder adicionar a vacina aos programas de imunização para recém-nascidos, que no Chile consiste na BCG vacina contra a tuberculose nas primeiras horas após o nascimento.
"O objetivo final é uma dose ao nascer, a fim de proteger contra a doença nos dois primeiros anos de vida. No entanto, é preciso primeiro realizar estudos sobre a segurança e resposta imune em voluntários adultos", disse o cientista, professor da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Católica do Chile.