O comportamentalista canino Renato Buani aponta que o melhor modo de tornar a visita um evento natural é acostumar o cachorro com muitas situações, locais e pessoas. Isso já pode ser feito por volta de 3 meses de idade, após a vacinação. Buani propõe que seja feito um trabalho de adestramento específico para visitas, de modo a diminuir a sensibilidade do animal ao barulho da campainha. Uma dessas técnicas é pedir para uma pessoa não conhecida pelo pet tocar a campainha seguidamente. A cada toque, o cão ganha um petisco. Com a prática, ele vai associar a “visita” a algo positivo.
Em situações reais, o dono pode orientar o visitante a ofertar um petisquinho tão logo cruze a porta.
A professora Nathalie Nobre, 39 anos, não tem problemas com o labrador Nick. Quando ele chegou à família, há quase nove anos, Nathalie morava em um apartamento com metade do tamanho do atual. O marido da professora ficou com receio de cuidar de um labrador, que pode chegar aos 60kg, mas Nathelie insistiu.“Deixei ele (Nick) em casa, tranquei as portas e saí para comprar o enxoval”, diverte-se.
A preparação para a novidade começa já quando o interfone toca. Nick fica sentado próximo à porta esperando Nathalie abri-la, para ele ir para a frente do elevador recepcionar a visita. A madrasta de Nathalie tem medo de cães, por isso é a única pessoa que recebe tratamento diferenciado. Nick fica preso até que ela se acomode. Quem não conhece o cachorro pode assustar-se com o tamanho. “Os entregadores, às vezes, se assustam e voltam para o elevador”, conta.
Já Pierre, o cãozinho da dona de casa Ana Maria Souza, 51, nem sempre consegue controlar a felicidade quando recebe alguém: ele pula nos convidados. “Ele sempre fica muito afoito, late já na escada, só depois fica quieto”, conta. Ela tem ainda uma vira-lata de sete meses, Marjorie, que se inspira em Pierre para tudo que faz. Ambos serão castrados no início de janeiro — o que, provavelmente, os deixará mais tranquilos. “Um dia, Pierre ficou sozinho e, quando cheguei, ele virou a cara pra mim, não quis almoçar”, lembra.
Segundo Buani, o hábito de pular nas pessoas é um mecanismo criado ainda na infância dos cães, quando eles sabem que vão ser recompensados com colo quando fizerem isso.
Nathalie Nobre acredita que o bom comportamento de Nick é reflexo de uma vida social saudável. Ele tem amizade com vários cães do condomínio, recebe visita das crianças vizinhas e, periodicamente, nada na piscina. A única atitude de Nick que incomoda Nathalie talvez faça parte do instinto evolutivo dos cães: “Ele cheira o bumbum das pessoas”..