Publicado no Journal os the American Medical Association, o estudo detalha a revisão de 54 pesquisas internacionais produzidas ao longo de 50 anos. Juntas, somam dados de sintomas de depressão em mais de 17,5 mil residentes médicos. Através da coleta e combinação de informações, os autores concluíram que 28,8% por cento dos profissionais em formação têm sinais de depressão.
Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) com 7,7 mil médicos revelou que 44% deles sofriam de depressão ou ansiedade. Outros 57% apresentavam estafa e desânimo com o emprego. Em relação à população geral, a prevalência de distúrbios psíquicos entre médicos é quase 11 pontos porcentuais maior. Além disso, um em cada cinco especialistas sofre com doenças cardíacas, percentual idêntico ao de médicos com alterações no sistema circulatório; 21,8% apresentam mau funcionamento do aparelho digestivo.
A Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio estima que de 300 a 400 médicos cometam suicídio anualmente.
Por que o senhor escolheu esta profissão?
Desde pequeno, na infância ainda, já me interessava pela medicina e pelo fato de poder ajudar as pessoas a se curarem. Mas foi com a dedicação e atenção de meu Tio e amigo, Dr. Antonio Luiz de Deus, me mostrando consultas, a rotina de hospital e o agradecimento e carinho dos pacientes pelo seu desvelo, que eu me apaixonei definitivamente pela profissão.
Em termos de relacionamento com a sociedade e expectativas de seus pacientes, o que a universidade não consegue mostrar?
Essa é uma pergunta muito importante e a discussão sobre esse tema em geral ainda é pouco abordado. Quando o é, não é feito com a profundidade com que se deveria. Existem fortes correntes nacionais e internacionais que estudam e buscam a humanização da área de saúde e é incrivelmente contraditório como grande parte das Faculdades de Medicina e principalmente seus docentes ainda não valorizaram isso. A humanização inclui o atendimento interessado no bem estar do paciente, interessado em abordar questões psicológicas, pessoais e espirituais. O paciente quer um atendimento humanizado, ele quer que perguntemos a ele fatores importantes que não seja apenas a dor física. É exatamente isso que a maioria das universidades e faculdades não ensinam. Pensando nisso fundamos a Primeira Liga Acadêmica de saúde e espiritualidade do País em Goiânia, a LIASE-GO. Agora, elas ja se espalharam pelo Brasil inteiro.
O médico descansa da profissão ou é médico 24 horas, sempre abordado na rua para "consultas rápidas" com amigos e parentes, ou até mesmo pacientes?
Costumo dizer que sim. Uma vez médico, sempre médico.
E como o senhor administra isso, como presta atenção em outras coisas da vida que não sejam medicina?
O problema principal é saber organizar a vida e, principalmente, ter disciplina. É um trabalho diário e árduo, embora gratificante. Conseguir ter disciplina é o essencial na vida de todos.
Nem sempre estamos e bom humor. Como o senhor lida com isso nas consultas?
Eu gosto e faço questão de ser quem eu sou. Claro que se estou cansado, não preciso descontar no paciente minha cara fechada. Ele saberá que eu estou cansado, mas alegre e interessado em atendê-lo. Não sei dizer como me percebem, mas sinto alguma coisa no final da consulta, quando me fazem agradecimentos sinceros. E isso é muito gratificante. Para muitos pacientes, realmente aparentamos ser super-humanos, mas não somos. Somos tão doentes e falhos quanto qualquer um. O que faz a diferença é o médico saber a hora de ser o paciente. Então, nesse momento é que entendemos o que é a dor alheia..