O tratamento mais acessível - de 30 minutos -, batizado de "Jump Start", é, segundo a clínica, para aqueles que não deveriam ter encarado o último drinque: um litro de soro fisiológico direto na veia, vitaminas B e C e medicação à escolha do cliente - para aliviar as dores de cabeça ou os enjoos. Já o procedimento completo, a "Ressurreição", é "para a mais grave das situações". Um pacote "épico" de uma hora ao custo de 200 dólares - nada menos que R$ 571 - com direito a oxigênio e solução antioxidante para encarar as consequências das noites também "épicas".
No país, o centro de tratamento abriu as portas ao público desaprovado por alguns especialistas, que sugerem que os serviços podem incentivar os australianos a beberem além da conta. A opinião é compartilhada pela psiquiatra do Serviço de Estudos e Atenção a Usuários de Álcool e Outras Drogas (Sead) do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) Maria Célia Brangioni, para quem as promessas milagrosas, além de arriscadas, não têm bases científicas. "Um serviço assim é um reforço para o uso indiscriminado do álcool.
A médica adverte ainda sobre o risco da hidratação intravenosa - proposta em todos os pacotes da clínica - e critica a falta de orientação especializada para a oferta dos serviços. "A ressaca é uma manifestação do organismo de que algo não está bem. É um alerta sobre um processo de intoxicação. Uma vez que se ameniza esses sinais, o alerta está sendo ignorado", defende. Maria Célia explica também que não há medicamentos capazes de acelerar a saída de álcool do corpo, uma vez que, para ser eliminada do organismo, a solução precisa ser metabolizada no fígado.
O toxicologista do Centro de Atendimento Toxicológico de Brasília Otávio Brasil endossa a avaliação da psiquiatra, indicando que a medicação contraria o metabolismo do organismo e prejudica o órgão humano. "O álcool demora, em média, seis horas para ser eliminado completamente do corpo. A mim, o tratamento não parece muito eficiente", opina. "Para se livrar da ressaca, a melhor indicação é beber muita água e dormir."
A ideia do tratamento é do ex-advogado Max Petro, que, durante algumas temporadas como instrutor de esqui na Austrália e nos Estados Unidos, observou que as equipes de patrulha das montanhas (responsáveis pelos serviços de emergência médica e resgate aos praticantes do esporte) estavam sempre dispostas no começo da manhã - independente da quantidade de álcool ingerida na véspera. "Perguntando como eles faziam isso, ele descobriu um velho segredo da patrulha de esqui: soro na veia, oxigênio e analgésicos para aliviar os sintomas da ressaca (que eles eram capazes de administrar por serem paramédicos qualificados)", explica o site da clínica.
Além das soluções anti-ressaca, a Hangover oferece uma linha "Saúde & Fitness" para as alterações físicas provocadas por Jetlags, resfriados e práticas esportivas muito intensas - cada uma a 160 dólares (mais ou menos R$ 457). Para quem quiser se prevenir, a empresa oferece um sistema de reservas online com até seis meses de antecedência e direito a quarto individual. .