A empresária Aléxia Lisboa Villela, de 48 anos, encontrou nessa dinâmica uma forma de resolver questões profundas em sua vida. Ela sempre gostou de fazer terapia, estudou psicologia até quase se formar e reconhece que sabia identificar onde precisava melhorar, mas, simplesmente, não conseguia fazer isso. Sua pergunta era: “Se tenho consciência, por que não consigo mudar?”. Nessa fase da vida, com a mãe doente, ela percebeu que seria difícil dar conta de tudo sozinha e aceitou o convite do irmão para participar de uma sessão de constelação familiar. “Não acredito naquela terapia em que você depende do terapeuta. A constelação é pontual, mostra onde está a sua dificuldade.
De acordo com a psicóloga Cristina Camargo, psicoterapeuta e terapeuta holística, a constelação familiar pode ser encarada como um braço da psicologia sistêmica, que vê o ser humano inserido num contexto, e não de forma isolada. “A gente não vai olhar para o ser humano só na sua individualidade. Somos interdependentes. Então, nossas memórias inconscientes, provenientes de até sete gerações de antepassados, nos influenciam. Desde a época das cavernas, temos uma necessidade de pertencimento. Naquela época, se o homem andasse sozinho num lugar, seria presa fácil para os animais.
HIERARQUIA
Além do pertencimento, a constelação familiar leva em consideração o equilíbrio entre o dar e o receber e a ordem da hierarquia. “Se, num relacionamento, você dá mais do que recebe, nesse momento, muitas vezes, o outro fica ressentido. Se você faz algo de ruim para mim e eu perdoo a troco de nada, acabou a possibilidade da relação, porque você se colocou num lugar superior”, compara. Observar a ordem da hierarquia também é importante, porque, segundo a constelação familiar, quem vem primeiro tem precedência. Uma delas é a ordem entre pais e filhos. “Naqueles casos em que os filhos trabalham pelos pais, há uma inversão da ordem, já que os pais vieram primeiro. A ordem seria os pais darem e os filhos receberem. Se isso se inverte, a confusão começou. Na constelação, a gente trabalha esse lugar”, aponta Cristina Camargo.
“Quem nasceu primeiro, você ou o casamento?”, questiona a psicóloga. Na visão dela, se uma pessoa tem clareza e consciência disso, vai para o casamento inteira. Depois vem o filho e a pergunta permanece a mesma: quem nasceu primeiro, o casamento ou o filho? “As pessoas priorizam os filhos porque se esquecem que eles precisam de uma boa base para acolhê-los”, explica Cristina Camargo. Se alguém se separa e casa de novo, e aí, o que vem primeiro, o casamento ou os filhos? Outro ponto abordado na terapia é a dinâmica da consciência leve versus a consciência pesada. “Se uma mãe teve um filho que não vingou, a tendência é o filho que vem depois se sentir culpado de estar vivo quando o outro se foi. É como se a pessoa, criando uma doença em si mesma, ficasse com a consciência mais leve”, observa.
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