Isso pode resultar em alterações progressivas que se iniciam com dor e edema de membros inferiores, progredindo para manchas de pele, eventuais úlceras varicosas e até casos de trombose venosa. Os fatores de risco são, em geral, genético, sexo feminino (proporção de até 2,3 mulheres para um homem), número de gestações, idade (quanto mais idoso maior a prevalência) e obesidade. Uso de anticoncepcionais por longos períodos, terapia de reposição hormonal, quem tem quadros graves de constipação intestinal, são tabagistas e usam roupas muito apertadas na cintura também correm o risco de ter varizes. Elas podem causar ardência, incômodo, edema, sensação de peso nas pernas e câimbras. A presença das mais grossas traz o risco de flebite, uma inflamação e coagulação numa veia superficial, e úlceras (feridas).
Bruno Naves, diretor de publicações científicas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, explica que as varizes são veias dilatadas, tortuosas e que perdem sua função, que é levar o sangue de volta ao coração. “Podemos ter telangiectasias, que são veias muito finas, de cor rosa ou violácea, com calibre entre 0,1mm e 1mm, reticulares, que são um pouco maiores que as anteriores, com calibre médio de até 4mm, e veias varicosas acima desse diâmetro”, comenta.
O especialista ressalta que existe uma forte tendência familiar para varizes. “São desencadeantes, ou seja, em pessoas que nascem com uma tendência familiar. Os mais comuns são a idade: quanto mais velho, mais fácil de ver surgirem as varizes
Naves garante que não há uma forma de prevenção efetiva. A predisposição será o grande diferencial entre ter ou não varizes ao longo da vida. De toda forma, é preciso manter uma atividade física regular que trabalhe bem a musculatura da panturrilha, cuidar bem da alimentação e do peso, evitar longos períodos na mesma posição, seja em pé ou sentado, e evitar o uso de roupas muito apertadas. “Além disso, fazer uma dieta rica em fibras, cereais, frutas, vegetais e grãos para ajudar no controle de peso e também evitar a constipação intestinal. Sapatos com salto acima de 7cm podem ser prejudiciais. Sempre que puder, coloque os pés elevados um pouco acima do coração. Por fim, tratar as primeiras manifestações, fazer uso da meia elástica medicinal em casos de dor e edema. E uso de medicamentos flebotônicos (que ajudam a circulação venosa) para quem tem sintomas acentuados.”
Ivanésio Merlo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular , explica que o paciente portador de varizes está mais suscetível a tromboflebites, tromboses venosas e até embolia pulmonar
COMPLICAÇÕES
Segundo Bruno Naves, quando não tratadas, as varizes podem evoluir para algumas complicações, como varicorragia, hemorragia de uma veia varicosa; flebite, inflamação da veia; eczema, coceira intensa decorrente do mau funcionamento da circulação venosa; dermatite ocre, uma tonalidade cor de ferro que fica na pele da perna, principalmente próximo aos pés, que deixa a pele mais seca, podendo levar a feridas, as chamadas úlceras venosas, de difícil cicatrização; e, finalmente, a trombose venosa, oclusão de uma veia por um coágulo de sangue. “Nesses casos, há um severo distúrbio de circulação na região acometida e, com alguns pacientes, o coágulo pode se desprender da veia e ir em direção ao coração e causar um problema mais sério nos pulmões, o que chamamos de embolia pulmonar, que pode até levar à morte”, alerta.
Quanto ao tratamento, o especialista salienta: “Primeiramente, é preciso entender que não se acaba com as varizes, tendo vista serem elas parte de um problema genético. Os procedimentos existentes são para tratar e controlar a doença. No tratamento clínico são usados alguns medicamentos, como os flebotônicos e as meias elásticas para controlar os sintomas. O tratamento das varizes e microvarizes pode ser feito com injeções (líquidos ou espuma densa) com laser transdérmico. Há ainda a cirurgia convencional ou realizada com auxílio do laser e da radiofrequência. Hoje, já dispomos de um grande arsenal terapêutico para o controle da doença. O angiologista/cirurgião vascular saberá indicar o melhor tratamento para cada caso.”