Intitulado Estimates of the Global Burden of Foodborne Diseases (As estimativas da Carga Global de Doenças Transmitidas por Alimentos, em tradução livre), o documento destaca que as crianças da África e do sudeste asiático são as que mais sofrem com o problema. O total anual de mortes no planeta estimado pela agência das Nações Unidas é de 420 mil, sendo 320 mil nas duas regiões. Na América, por exemplo, são 9 mil. “Até agora, as estimativas de doenças transmitidas por alimentos eram vagas e imprecisas e escondiam o custo humano real de alimentos contaminados. O relatório põe as coisas no lugar”, destacou, em comunicado, Margaret Chan, diretora-geral da OMS.
Kazuaki Miyagishima, diretor do Departamento de Segurança dos Alimentos e Zoonoses da OMS, ressaltou que a carga global das doenças transmitidas por alimentos é considerável. A estimativa é de que 600 milhões de pessoas sejam afetadas anualmente.
Diarreias
O relatório mostra ainda que as enfermidades diarreicas são responsáveis por mais da metade da carga global de doenças transmitidas por alimentos. Respondem por 230 mil mortes anuais, sendo 96 mil das vítimas crianças. Algumas, como as causadas pela Salmonella não tifoide, são um problema de saúde pública em todas as regiões do mundo. O micro-organismo é um dos que mais causam a gastroenterite. Há doenças, no entanto, mais regionalizadas. Como o cólera de origem alimentar, incidente em países de baixa renda. A toxoplasmose e a tênia do porco (Taenia solium) são preocupações principalmente nas Américas Central e do Sul.
A OMS destaca também que a forma de preparo da comida é um dos principais causadores do problema. Isso porque são comuns o uso de água contaminada, a falta de higiene na cozinha e as condições inadequadas de produção e armazenamento de alimentos. De acordo Margaret Chan, as novas informações serão de grande valia em programas de prevenção. “Sabendo que agentes patogênicos alimentares estão causando os maiores problemas e em quais partes do mundo, poderemos gerar ações e orientações para governos e indústrias de alimentos”, explicou a diretora-geral da agência..