O comunicado da OMS cita diretamente o aumento de nascimentos de bebês com má-formação e de casos da síndrome Guillain-Barré identificados no Brasil. O documento pela primeira vez reconhece a ligação entre o vírus e o crescimento de casos dessas doenças.
Ainda se sugere que países fiquem alertas para a necessidade de se ampliar o atendimento de serviços neurológicos e de cuidados específicos a recém-nascidos - algo já imaginado pelos Estados nordestinos.
Com 11 páginas, o documento da Organização Mundial da Saúde usa o avanço de casos de microcefalia no Brasil - já são 1.248 - e o registro de três mortes por zika (duas de adultos e uma de recém-nascido) como um dos fatores que levaram o organismo a atualizar as recomendações de vigilância.
O documento recomenda que aqueles países que não têm casos autóctones de zika reforcem os sistemas de vigilância para identificação rápida de eventuais infecções. "Baseado na experiência do Brasil e da Colômbia, autoridades sanitárias devem ficar alertas para casos de manchas vermelhas e febre de causa desconhecida", diz o texto.
O comunicado faz ainda recomendações para países onde já há registros de casos autóctones (transmitidos na própria cidade ou país) de zika. Autoridades sanitárias devem acompanhar tendências de uma eventual dispersão do vírus para outras regiões, ficar atentas a complicações neurológicas e aumento de doenças autoimunes em pacientes de todas as idades. O documento também recomenda a vigilância reforçada no aparecimento de má-formação em bebês.
No texto, a OMS sugere que pacientes infectados pelo vírus permaneçam em casa, sob proteção de telas com repelentes - uma estratégia para tentar combater a dispersão do vírus. Isso porque o Aedes aegypti pode também se contaminar pelo vírus se picar uma pessoa que já está com a doença.
Especificamente o órgão mundial recomenda que gestantes procurem se proteger contra o vírus.
Governo brasileiro
O Ministério da Saúde já desenhou o protocolo que será usado para o acompanhamento de gestantes com suspeita de zika vírus e de bebês com diagnóstico de microcefalia. Além de um manual sobre as condutas que devem ser adotadas por equipes de saúde, o governo prepara o mapeamento dos serviços disponíveis para atendimento dos bebês e de familiares.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o Secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, afirmou que a preocupação maior será fazer a identificação de bebês com a má-formação o mais precocemente possível. "Para gestantes, os procedimentos não devem mudar."
A ênfase será dada a partir do diagnóstico da má-formação no bebê, feita no nascimento ou ainda durante a gestação, por meio do exame de ultrassom. Depois do nascimento e identificado o problema, por meio da medição do perímetro cefálico, o bebê deverá ser encaminhado para a realização de uma tomografia. O exame é feito sobretudo para avaliar os danos provocados pela má-formação.
A microcefalia é uma síndrome que até agora era considerada rara. Justamente por isso, o número de profissionais com capacitação para o acompanhamento e diagnóstico não é alto.
O secretário garante que o acesso a tomografias para confirmação da microcefalia não é problema. "No caso de o bebê nascer numa cidade que não dispõe do aparelho, será providenciada a transferência para outro local."
Serviços
O Ministério da Saúde está fazendo a identificação de serviços de referência para os quais os bebês com a confirmação da microcefalia devem ser encaminhados. Também está prevista a oferta de serviços de acompanhamento psicológico para pais das crianças. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..