Os números foram comemorados pelo diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita. “Nunca testamos tanto, e, mesmo assim, as taxas foram mais baixas”, comentou. Os dados demonstram que, em 2014, foram realizados 7,8 milhões de testes e, neste ano, 9,6 milhões.
“Precisamos ainda melhorar os números entre crianças. No momento, estamos a dois pontos porcentuais para alcançar a meta geral”, disse. Na avaliação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, o comportamento da epidemia, revelado pelo boletim epidemiológico, indica que o país vai conseguir alcançar a meta de 90/90/90 até 2020.
Indicadores expressivos
O ministro afirmou ser necessário sobretudo melhorar os indicadores de Aids entre jovens. Os indicadores nessa população ainda preocupam de forma significativa. “Esse é um problema que não é exclusivo no Brasil, é um fenômeno mundial e é resultado de vários fatores”, comentou. A faixa etária que mais preocupa, de acordo com Mesquita, é a que está entre 15 e 24 anos. “Não é comparativamente a população que tem os maiores indicadores. Em números absolutos, os números são mais relevantes entre maiores de 24 anos. Mas é no grupo entre 15 e 24 que a velocidade de expansão é mais alta”, afirmou.
Em 2014, a taxa de detecção por 100 mil habitantes era de 6,7 por 100 mil na população de homens de 15 a 19 anos. Um indicador muito mais expressivo do que o apresentado, por exemplo, em 2007, quando eram identificados 2,8 casos a cada 100 mil habitantes. Na faixa etária de homens entre 20 e 24 anos, o avanço também foi muito significativo: saltou de 5,2 para 30,3 por 100 mil. Entre mulheres, o comportamento não foi o mesmo.
Tratamento preventivo é validado
Resultados de um estudo francês que mostra que um tratamento preventivo contra a Aids feito antes e após as relações sexuais permite reduzir em 86% o risco de infecção foram publicados ontem pela revista médica americana New England Journal of Medicine. Os resultados do ensaio Ipergay, conduzido com 414 homossexuais franceses e canadenses HIV negativos, já havia sido apresentado publicamente em fevereiro na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, nos Estados Unidos. Mas eles não tinham sido publicados em revista médica de referência, como é a regra na comunidade científica. A publicação coincidiu com o Dia Mundial contra a Aids e foi divulgada uma semana depois de a França dar sinal verde para o uso do Truvada – combinação de antirretrovirais do laboratório norte-americano Gilead já usada pelos pacientes – como uma ferramenta para a prevenção. O estudo coordenado pela Agência Nacional de Pesquisas sobre Aids (ANRS) baseou-se num tratamento avulso, com dois comprimidos de Truvada tomados antes da relação de risco, um terceiro no dia seguinte e um quarto dois dias mais tarde.