Ela foi a primeira médica a buscar a Secretaria de Saúde de Pernambuco para alertar sobre o aumento do número de casos de crianças com o crânio menor que o normal. “Um dia, cheguei à UTI e tinha três casos de crianças com a cabecinha assim, isso me deixou intrigada, normalmente a gente via uma a cada mês ou a cada dois meses”, relatou. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de casos de microcefalia saltou de 147, em 2014, para 739 neste ano, a maioria (487) em Pernambuco.
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. A neuropediatra esclarece que essa condição pode ter diversas causas, como agentes químicos e infecções por toxoplasmose ou pelo citomegalovírus. Cada causador provoca um quadro típico, como alteração na visão, na audição ou em outros órgãos. Segundo a médica, em muitos desses novos casos os recém-nascidos têm comprometimento do coração, “mas a amostra ainda é muito pequena para dizer que está relacionado à nova doença”.
À medida que os casos foram chegando, a neuropediatra pedia exames para toxoplasmose e para citomegalovírus, e todos deram negativo.
Vanessa participou nessa terça-feira (24/11) de um seminário para profissionais de saúde do Distrito Federal, em Brasília. Segundo ela, há casos de crianças com microcefalia que se desenvolvem, têm filhos, mas que em outros casos o bebê tem muitas convulsões e por isso pode não ter o desenvolvimento adequado.
A relação entre o aumento de casos de microcefalia e a presença do vírus Zika em gestantes foi cogitada mais fortemente há pouco mais de uma semana, quando o Laboratório de Flavivírus, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, constatou a presença do vírus em amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia. Segundo o Ministério da Saúde, apesar de ser um resultado importante, os dados atuais não permitem confirmar a relação da infecção pelo Zika com a microcefalia. Essa correlação está sendo investigada em parceria pelo governo federal e os estaduais.
Os primeiros casos de Zica no Brasil foram registrados em maio de 2015..