A próstata é responsável por produzir hormônios e um líquido que compõe cerca de 97% do sêmen, ajudando o transporte dos espermatozoides. Os sintomas mais comuns do câncer são sangue e secreções na urina, perda de peso, postura arqueada e febre. A incontinência e a infecção urinária também podem ocorrer por causa do aumento da próstata, que pressiona a uretra.
Os médicos veterinários recomendam que o tutor do animal realize mensalmente uma observação geral e, em caso de anomalia, procure ajuda especializada. O primeiro exame realizado é o de toque, em que o veterinário observa se a próstata está com tamanho e forma adequados. Caso seja detectado algum nódulo ou aumento, chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB), o próximo passo é realizar a citologia, para saber se trata realmente de um tumor. Já o histopatológico apura se o tumor é maligno ou benigno. O tratamento pós-cirúrgico costuma ser com antibióticos. Como os tipos de câncer mais comuns são os que se espalham para outros tecidos, como o carcinoma, a quimioterapia e a radioterapia também podem ser opções. Os medicamentos para conter o câncer são os mesmos usados em humanos, mas em doses menores. Pode ser feita até mesmo a remoção da próstata para evitar novos problemas. Após os 6 anos, é ideal que cachorro faça checapes anuais, incluindo ultrassom do tórax.
Felizmente, os pets não apresentam alto índice de câncer de próstata, mas até 90% das doenças em órgãos reprodutivos podem ser evitadas com a castração. Dois dos obstáculos são os altos preços e o preconceito. O procedimento, ao contrário do que possa parecer, não torna o animal menos ágil ou feliz. A época ideal para realizar a cirurgia é antes do primeiro ano de vida, quando a próstata ainda não recebeu muita testosterona e, por isso, não atingiu um volume grande.
Mesmo com os baixos riscos, há quem opte pelo uso de medicamentos, um método ainda menos invasivo. Uma das vantagens da castração química é não interromper completamente a produção de testosterona, como na cirurgia, evitando que o cão fique obeso. A única condição para a castração química é que os testículos estejam dentro da bolsa escrotal e que não haja lesões de pele próximas à área genital. As cadelinhas também se beneficiam com o procedimento, que, se for feito antes do primeiro cio, reduz para 0,5% o risco de câncer de mama e de ovários.
A pedagoga e protetora de animais Cirlene Ornellas, 36 anos, passou duas vezes pela difícil tarefa de cuidar de bichos com câncer. A primeira foi há quatro anos, com o pitbull Morfeu. No começo da doença, a tutora notou pequenos caroços. Quanto mais semanas se passavam, mais os caroços cresciam. A quimioterapia começou imediatamente e o câncer desapareceu. Infelizmente, o tumor voltou seis meses depois, ainda mais agressivo.
A segunda batalha contra a doença acabou recentemente. Menino, um vira-latas resgatado das ruas por Cirlene, curou-se da doença há alguns meses, mas sofreu bastante até o câncer ceder. “Quando me pediram ajuda para tirá-lo da rua, percebi que os testículos dele era bem vermelhos e inchados”, relembra. “Ele me olhava com olhos de dor, pedindo ajuda mesmo.” Exames, tratamentos, internação e, finalmente, a boa notícia. “Graças a Deus, agora ele está sadio”, comemora a tutora.
Prevenir é melhor
A retirada da próstata, chamada de prostatectomia, não é feita com frequência devido à complexidade da cirurgia. Além disso, a quimioterapia apresenta bons resultados. “Estudos mostram que entre a cirurgia aliada com quimioterapia e apenas quimioterapia, não houve diferença nos resultados”, conta a oncologista veterinária Stefani Souza. Para ela, a abordagem preventiva ainda é a melhor opção. “Nós precisamos conscientizar os proprietários a fazer o exame de rotina. E sempre observar, tanto para o aumento da próstata quanto para o câncer, porque os sinais são iguais.”.