"Acreditamos que a prospecção é um medida essencial. Vamos acompanhar de perto essas mulheres. Isso torna mais fácil identificar qualquer tipo de alteração e torna mais ágil a associação com as causas do problema", avaliou o diretor do instituto, Sinval Brandão Filho.
Nesta terça-feira (17/11), a Fiocruz do Rio identificou a presença do zika vírus no líquido amniótico de dois fetos na Paraíba com microcefalia. As gestantes analisadas haviam apresentado sintomas da zika. O resultado comprova a infecção da mãe para o feto.
"Não podemos ser categóricos, mas o achado não pode ser considerado uma coincidência", afirmou o diretor do Departamento de Doenças Infecciosas do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. Ele justificou a cautela: "Essa é um situação nova no mundo".
Diante dessa situação, o governo convidou cientistas do Brasil e do mundo a comprovar essa causa e efeito. Brandão Filho está confiante com revelações que o acompanhamento das gestantes poderá propiciar. Ele observa que o maior obstáculo ao fazer uma análise das causas do surto a partir dos bebês que já têm microcefalia está na coleta de informações.
"Estamos falando de coisas que aconteceram com gestantes há cinco, seis meses. Nessas condições, é difícil ter uma certeza de que todas as informações relevantes foram prestadas", explicou. "Há grande risco de a mulher esquecer, por exemplo, de relatar o uso de um remédio, o contato com produto que eventualmente possa estar associado ao problema."
A análise das gestantes não será a única frente a ser trabalhada pelo Aggeu Magalhães. A Fiocruz aposta também no aumento do arsenal disponível para o diagnóstico da infecção. Os exames atualmente são feitos por meio do PCR, um exame que identifica fragmentos do vírus no material coletado da mãe e do bebê.
A Fiocruz vai importar kits de diagnóstico desenvolvido por uma empresa europeia para ser usado na gestantes. O exame tem como objetivo identificar infecções para os quatro sorotipos de dengue, chikungunya e zika.
"Há ainda dúvidas sobre a precisão do teste, justamente por isso ele será usado em associação com outros métodos", contou Brandão Filho.
Pesquisadores vão acelerar o desenvolvimento de dois testes na Fiocruz para identificação do contágio por zika: uma espécie de Elisa caseiro e outro exame, chamado western blot, que usa biologia molecular para identificar a presença do vírus..