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Como começou sua história de amor com os animais?
Começou tão cedo que não lembro. Minha família conta que, enquanto as outras crianças estavam brincando, eu ficava observando as formiguinhas. Minha vó diz que eu alinhava as formigas, gostava de olhar as filas que elas faziam. Quando estava mais velho, isso já lembro, gostava de colocar milho de pipoca em cima de mim e ficar deitado por horas, esperando as galinhas virem comer, para ter algum tipo de interação com elas. Com 6 anos, comecei a dar showzinho de peixe adestrado. Eu tinha um aquário e ensinei alguns truques para os peixes, meus amigos vinham assistir. Depois disso, tive um monte de bicho: sapo, hamster, camundongo, cobra... Não comemorava nunca meus aniversários, mas sempre comemorei para os meus bichos. Dizia que não aceitaria nenhum presente, só se fosse para os meus animais. Meu sapo ficou supergordo porque todo mundo na escola caçava baratas, minhocas e levava em caixinhas de presente.
Então, a capacidade de adestrar vem desde a infância?
Minha mãe é bióloga e meu pai, psicanalista. Acho que eu misturei as duas coisas. Mas não sei se é um dom, uma facilidade extra, ou, simplesmente, um vício. Até porque que tive muito mais horas com animais do que com qualquer ser humano e fiz disso a minha vida.
Como você conheceu a Estopinha e o Barthô?
Estava procurando um cachorro para ser minha companhia e encontrei a Estopinha com uma protetora. Fiz alguns testes, para saber se ela curtiria essa vida de viajar bastante, sempre conhecendo lugares novos. Sabia que ela se tornaria conhecida e queria que fosse adotada, para mostrar como é possível pegar um cachorro que não é filhote e ter uma convivência muito legal. Ela já tinha sido devolvida duas vezes por mau comportamento — é muito bagunceira —, e eu quis mostrar como é possível viver bem com cães como ela. O Barthô veio para minha casa para ficar como lar temporário. Ele vivia em uma ONG de proteção. O protetor me pediu que ajudasse a achar um lar para ele. No abrigo, ele era muito agitado, fugia, queria interagir com os outros cães, mordia e saia correndo, começando brigas, mas nunca participando delas. Tinha ansiedade de separação e sofria muito quando ficava sozinho. cheguei a arrumar um lar para ele, mas a pessoa não conseguiu e devolveu.
Levando em consideração a sua experiência, qual é o verdadeiro valor um animal de estimação na vida de uma pessoa?
O animal pode, inclusive, dar sentido à vida de algumas pessoas, chega a esse ponto. Mas tem casos menos extremos e que, às vezes, as pessoas nem se dão conta dos benefícios. A ciência está ajudando a gente a entender isso. São muito mais proveitos do que já se imagina. Pode significar amor, carinho e aconchego. Ninguém o ama tanto quanto o seu pet. As pessoas até brincam que o cachorro é o único amor que o dinheiro pode comprar.
O que você diria para uma pessoa que está em dúvida sobre ter ou não um pet?
Tomo um determinado cuidado. Quando explico para alguém a responsabilidade, falo do lado mais complicado, mas tento balancear com as coisas boas. No caso de cães e gatos, a casa ficará cheia de pelo, mas também de vida. Provavelmente, vai gastar mais dinheiro, mas vai ser mais feliz. Vai ter mais trabalho, mas sempre terá uma companhia.
Comprar ou adotar?
Adoção é a primeira opção, mas nem sempre é possível. Por exemplo, pessoas que viajam muito e gostam de levar o pet vão optar por cães pequenos, e os vira-latas costumam ser maiores. Outro exemplo: a pessoa tem criança em casa e fica com medo de que o cachorro a ataque. Por mais que escolha a raça, cada animal tem seu temperamento. Agora, no caso da adoção, geralmente o cachorro já é adulto e tem o caráter formado. É bastante confiável.