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Resultados preliminares do estudo, iniciado há seis meses com 53 pacientes, foram apresentados durante o 35º Congresso Brasileiro de Urologia, no Rio de Janeiro. O urologista José de Ribamar Calixto, pesquisador da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e um dos autores do trabalho, explica que a expectativa é aumentar o número de participantes para cerca de 150 e acompanhá-los por pelo menos uma década.
Apesar de recente, a pesquisa rendeu alguns achados importantes. Foram retiradas amostras de tecido doente e saudável dos pacientes e enviadas aos Estados Unidos, onde se identificou 18 genes suspeitos de estarem implicados com a doença. De acordo com Calixto, uma compreensão melhor sobre a genética do câncer de pênis vai levar a tratamentos mais precisos, evitando cirurgias desnecessárias e identificando, precocemente, os homens que deverão sofrer metástases.
“Hoje, o que se sabe sobre o câncer de pênis é que ele está associado à fimose e, provavelmente, ao vírus do HPV, que começa com uma ferida e, depois, surge o tumor, podendo progredir para pulmão e fígado. O diagnóstico é pela biópsia e o tratamento é com a amputação de uma parte ou do pênis todo. Acaba por aí o conhecimento da doença”, afirma. “Para tratar, não existe esquema efetivo de químio e rádio. Não se desenvolvem drogas específicas para esse câncer porque não temos financiamento, e os grandes laboratórios que fazem pesquisa de ponta, molecular e genética, não se interessam por ser uma doença de pobre, de países pobres”, critica.
Higiene
O câncer de pênis está associado à falta de higiene correta do órgão. Para preveni-lo, a indicação é lavar o pênis diariamente com água e sabão, principalmente após relações sexuais ou masturbação, puxando corretamente a pele para fazer a limpeza. Também é importante realizar o autoexame mensalmente, para verificar se há lesão na região, e realizar o exame médico uma vez por ano.
O problema, observa Calixto, é que nos locais em que há maior incidência e prevalência — no Brasil, as regiões Norte e Nordeste, principalmente no interior —, o acesso aos serviços de saúde é baixo. “O paciente leva até um ano para conseguir uma consulta e saber se o ferimento que encontrou é uma doença venérea ou um câncer”, exemplifica. “Não tem como. Acaba colocando o remédio que o vizinho orientou”, lamenta.