Brasileiros desenvolvem colírio que evita doenças que levam à cegueira

A substância pode controlar e reverter a retinopatia da prematuridade (ROP) e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), condições responsáveis pela perda de visão nos primeiros e nos últimos anos de vida, respectivamente

por Isabela de Oliveira 23/10/2015 15:00

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 285 milhões de pessoas sofram com problemas de visão, sendo 39 milhões delas completamente cegas. A combinação de estratégias de prevenção de doenças infecciosas e avanços nos tratamentos, porém, tem reduzido as complicações. Uma das inovações foi anunciada por brasileiros na última edição da Science Translational Medicine: um colírio que pode controlar e reverter a retinopatia da prematuridade (ROP) e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), condições responsáveis pela perda de visão nos primeiros e nos últimos anos de vida, respectivamente.

A vasotide, substância que interrompe o nascimento de vasos sanguíneos que causam deficiências visuais, é fruto do trabalho da bioquímica Renata Pasqualini, chefe da Divisão de Medicina Molecular da Universidade do Novo México (EUA), e do oncologista Wadih Arap, chefe da Divisão de Hematologia Oncológica da mesma instituição. Eles contaram com o reforço de Ricardo José Giordano, do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo, onde o casal de cientistas estudou na década de 1980.

“Em 2010, apresentamos na revista Pnas uma substância que inibe a retinopatia quando aplicada como colírio. Na época, demonstramos que ela se liga aos receptores do fator de crescimento endotelial vascular que estimulam a angiogênese”, conta Giordano, referindo-se à vasotide. O achado rendeu um prêmio de U$S 3 milhões para a continuação do estudo.

A dupla pode testar o medicamento em roedores e macacos. “Os (resultados) fornecem um alto nível de confiança na relevância médica (...) porque antecipamos a reação dos achados terapêuticos em pacientes”, conta Pasqualini. “Estou muito empolgado e feliz de ver que o que fiz há cinco ou seis anos está oferecendo resultados tão bons”, complementa Giordano.

A cientista diz que, se os testes seguintes forem bem-sucedidos, será possível formular variações de vasotide em gotas e até em lentes de contato. Isso, acredita, aposentará as injeções intraoculares usadas no tratamento de DMRI. “São repetitivas, caras, pesadas e desagradáveis para os pacientes”, diz Pasqualini. A substância foi licenciada para a AMP Farmacêutica, que busca financiamento para ensaios clínicos em pacientes humanos.

CB/D.A Press
Clique na imagem para ampliá-la e saiba mais (foto: CB/D.A Press)