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Trata-se do segundo tipo de tumor mais comum entre as brasileiras, depois do de pele. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que 57.120 mulheres recebam o diagnóstico da doença neste ano.
O A.C. Camargo acompanhou por cinco anos 5.879 pacientes, entre 2000 e 2010. A pesquisa constatou que 34,8% das mulheres com até 39 anos recebeu o diagnóstico nos níveis mais avançados da doença: estadios 3 e 4. Na faixa etária dos 40 aos 49 anos, a taxa de diagnóstico cai para 24,5%. O grupo entre 50 e 64 anos tem a menor taxa de detecção tardia: 22,8%. Entre as pacientes com mais de 65, o índice volta a crescer e chega a 27,9%. O estadiamento é a classificação feita pelos médicos para determinar a extensão e a localização do câncer e, no estudo, vai de 1 a 4.
O levantamento mostra ainda que a taxa de sobrevivência em cinco anos das mulheres com câncer em estadios 1 e 2 é de cerca de 90% para qualquer faixa etária. No estadio 3, a taxa varia de 56% a 77%. No grau mais avançado da doença, o estadio 4, a sobrevida em cinco anos pode chegar a 40%.
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A outra razão é o fato de a população mais jovem não estar dentro da faixa etária em que há recomendação do Ministério da Saúde para a mamografia. Segundo o órgão, apenas mulheres acima de 50 anos devem fazer o exame. Já para a Sociedade Brasileira de Mastologia o acompanhamento deve ser iniciado aos 40 anos.
"A incidência da doença entre as mais jovens é menor e realmente não justifica um rastreamento massivo nessa população. O importante é realizar exames mais precocemente em mulheres com casos de câncer de mama na família", diz José Luiz Barbosa Bevilacqua, diretor do Departamento de Mastologia do A.C. Camargo. O levantamento da instituição apontou que 12% dos casos de câncer de mama ocorreram em mulheres abaixo dos 40 anos.
A engenheira Camila Araújo Fernandez, de 32 anos, descobriu um tumor na mama esquerda, em 2010, em um exame de rotina. "Senti um nódulo acima da mama e fui rápido ao ginecologista para fazer o acompanhamento. Em seis meses, dobrou de tamanho, de 1,5 centímetro para 3 centímetros. Quando fiz a punção, constatou-se que era maligno", conta ela, que não tinha nenhum caso da doença registrado na família.
Camila retirou o tumor na época, mas, em 2013, teve uma metástase no pulmão, ovário, fígado, ossos e cérebro. "Depois disso, venho fazendo vários tratamentos, como quimioterapia, hormonioterapia, e os tumores estão controlados."
Afastada do trabalho como engenheira, ela passou a dar palestras para outras jovens com o objetivo de alertar mulheres com ou sem a doença de como detectar e tratar o câncer. "Tenho a impressão de que, pelo fato de ser mais raro ocorrer entre jovens, alguns médicos não dão muita importância para nódulos diagnosticados. Minha irmã, por exemplo, tem 34 anos e um caso na família. E o médico dela disse que não precisa fazer rastreamento por ser jovem."
Alerta
Os especialistas dizem que, independentemente do grau da câncer de mama e da faixa etária em que é descoberta, há altas chances de cura ou de controle do tumor. "Os tratamentos que temos disponíveis hoje são muito bons. O que não pode é deixar de fazer o exame. Quem procura, acha. E quem acha, cura", diz Carlos Alberto Ruiz, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Ele afirma que, para a mulher com histórico familiar, a recomendação é de que se inicie o rastreamento em idade dez anos mais jovem do que a idade na qual a parente descobriu o câncer. "Se a mãe teve o diagnóstico aos 35 anos, por exemplo, a mulher deve começar o rastreamento aos 25", explica o especialista.
Já para mulheres sem casos na família, a recomendação é o acompanhamento anual com ginecologista, exame clínico e atenção ao surgimento de caroços. Na semana do Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama, o A.C. Camargo realiza amanhã, às 17h30, uma palestra gratuita sobre métodos de prevenção e detecção precoce do tumor. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail encontro@accamargo.org.br. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.