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O estudo aparece um mês após um polêmico artigo britânico que despertou medo no grande público e questionamentos da comunidade científica, lançando a hipótese de transmissibilidade da doença.
O estudo
Comparando tecidos cerebrais recolhidos após a morte de onze pessoas que sofriam com o mal de Alzheimer e outras dez pessoas que não apresentavam a doença, Luis Carrasco, do centro de biologia molecular de Madri e sua equipe, descobriram estruturas assinalando a presença de diferentes tipos de fungos em todos os doentes de Alzheimer sem exceção, mas não entre os não doentes.
Segundo os pesquisadores, foram detectados traços em diferentes partes do cérebro dos doentes, incluindo nos vasos sanguíneos, o que poderia explicar as patologias vasculares frequentemente observadas nos pacientes de Alzheimer.
"Coletivamente, nossos trabalhos fornecem provas irrefutáveis da presença de micoses no sistema nervoso central dos pacientes de Alzheimer", afirmam no artigo, estimando que a descoberta relança a hipótese de uma origem infecciosa para a doença.
Os fungos podem explicar porque a doença avança lentamente e por que os pacientes apresentam inflamações crônicas e uma ativação do sistema imunológico.
Mas eles não excluem a possibilidade de que os doentes de Alzheimer possam, por diversas razões (modificações na higiene ou alimentação, sistema imunológico menos performático), ser mais sensíveis às micoses.
'Possível, mas a confirmar'
"É um estudo interessante e totalmente possível, mas que deve ser confirmado por uma outra equipe", destacou Christophe Tzourio, neurologista e diretor da unidade de pesquisa em neuroepidemiologia do Inserm/Universidade de Bordeaux.
A hipótese de uma infecção que poderia estar na origem do Alzheimer não é nova. Pesquisadores levantaram a hipótese de que o vírus da herpes ou a 'Chlamydophila pneumoniae', parasita na origem de infecções respiratórias graves, poddam desempenhas um papel na doença degenerativa - teoria que não foi confirmada depois, lembra Tzourio.
"Não sabemos se as micoses ocorreram antes ou após a aparição do Alzheimer", aponta por sua vez Laura Phipps, do centro britânico de pesquisa sobre o Alzheimer.
O mal de Alzheimer afeta principalmente as pessoas idosas. A doença leva a uma deterioração das capacidades cognitivas e consequente perda de autonomia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 47,5 milhões de pessoas sofrem de demência no mundo, das quais 60 a 70% provocadas pelo Alzheimer.
A maioria dos especialistas concorda que trata-se de uma doença complexa e que é necessária geralmente "uma conjunção de fatores" para que alguém desenvolva as lesões específicas que são o desenvolvimento de placas amiloides e o acúmulo de proteínas Tau anormais no interior dos neurônios.
Entre os fatores de risco conhecidos estão, além da idade, a hipertensão arterial, a obesidade, o tabagismo ou o sedentarismo, assim como predisposições genéticas.
As pesquisas aumentaram nos últimos anos para compreender melhor a doença e sobretudo descobrir um tratamento curativo.
Em artigo publicado pela Nature no mês passado, o especialista britânico em doenças neurodegenerativas John Collinge lançou a hipótese de uma outra forma de transmissão após ter encontrado na autópsia de dois doentes mortos pela doença de Creutzfeldt-Jakob um dos dois sinais do Alzheimer: as placas amiloides.