Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Pesquisa sobre as Crianças, com sede em Dallas (Estados Unidos), transplantou células humanas de melanoma sobre camundongos transgênicos e descobriu que o câncer se desenvolvia mais rápido entre aquelas que receberam injeções de antioxidantes do que entre aquelas que não haviam recebido. "Nossos resultados sugerem que os antioxidantes favorecem a progressão da doença, ao menos no caso no melanoma, estimulando as metástases", concluem os autores no final do estudo.
Esta não é a primeira vez que uma relação entre antioxidantes e desenvolvimento do câncer é colocada em evidência pela equipe. Em 2014, pesquisadores suecos mostraram que o consumo de suplementos alimentares antioxidantes, mais especificamente a vitamina E, acelerava o desenvolvimento de lesões pré-cancerosas ou cânceres precoces do pulmão nos camundongos e nas células humanas em laboratório. Estudos mais antigos constatavam um efeito similar de antioxidantes sobre os cânceres de mama e de próstata.
Os antioxidantes, que podem ser encontrados na alimentação (vitaminas A, C e E) mas também sob forma de suplementos alimentares, permitindo neutralizar os radicais livres das moléculas (ou estresse oxidativo) responsáveis pelo envelhecimento dos tecidos.
Os pesquisadores pensaram durante muito tempo que as substâncias antioxidantes poderiam ajudar na prevenção do câncer, mas diversos testes clínicos "tiveram que ser interrompidos porque os pacientes que recebiam antioxidantes morriam mais rapidamente do que os outros", explicou Sean Morrison, principal autor do estudo. A explicação seria, segundo ele, que as células cancerosas "aproveitariam mais os antioxidantes do que as células normais".
Até o momento, contudo, o risco de propagação das metástases não foi comprovado nos seres humanos, apenas nos camundongos que receberam injeções diárias de um precursor da glutationa (protetor celular do stress oxidativo).
Este estresse oxidativo, considerado nefasto em pessoas saudáveis, poderia - ao contrário - ser bastante benéfico numa pessoa afetada pelo melanoma, explicam os pesquisadores.
Eles explicam ainda que os resultados poderiam abrir o caminho para tratamentos de pró-oxidantes que permitam evitar a propagação de metástases. "Uma das abordagens possíveis seria mirar o caminho que as células do melanoma usam para sobreviver ao estress oxidativo", ressaltou Morrison.