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Realizada pelo Instituto Nielsen para a Pfizer, a pesquisa ouviu 3.649 pessoas, de setembro do ano passado a janeiro deste ano, em 13 países: Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, França, Canadá, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Turquia e Argentina. No Brasil, foram ouvidas 324 pessoas.
“Os números trazem preocupação, porque sabemos que esta é a realidade. Eles são uma constatação desses fatos. Sabemos que nem todo mundo tem acesso [ao médico reumatologista]. É comum que pacientes cheguem ao reumatologista cinco anos depois, e vemos que o desastre já está feito”, disse a médica Rina Giorgi, diretora do Serviço de Reumatologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e membro da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Segundo Rina, o grande problema relacionado à doença é, de fato, o acesso do paciente ao médico. “O problema não é a medicação, que está disponível na rede pública. O problema é ter acesso ao médico ou ao reumatologista. A prevenção da doença é o diagnóstico precoce e o acesso rápido ao médico”, afirmou.
Como o diagnóstico costuma sair no auge da vida produtiva, é frequente que o paciente passe por perdas profissionais importantes, como ter o horário de trabalho reduzido ou pedir aposentadoria precocemente. Do total de brasileiros ouvidos, 35% disseram que a doença abalou sua vida profissional, 14% aposentaram-se precocemente e 17% contaram que tiveram que pedir demissão.
A pesquisa revelou também que um a cada cinco brasileiros ouvidos na pesquisa tem artrite reumatoide grave. Quase metade (46%) dos pacientes que responderam à consulta disseram que evitam fazer perguntas ao médico porque temem ser vistos como pacientes “difíceis”. Além disso, oito a cada dez pacientes não se mostram confortáveis em expor seus receios e preocupações aos médicos.
A maioria dos pesquisados brasileiros (59%) revelou ainda que teve que parar de desempenhar alguma atividade com o surgimento dos sintomas.
Segundo a médica Rina Giorgi, a artrite reumatoide impacta principalmente “o doente que não se trata”, já que hoje, com o tratamento feito assim que sai o diagnóstico, a pessoa pode desenvolver diversas atividades e até trabalhar. “O paciente que aderiu ao tratamento pode trabalhar”, disse Rina.
Comorbidade
A presença de comorbidade (quando há o diagnóstico de uma segunda doença no mesmo indivíduo) é comum no paciente com artrite reumatoide. Entre os brasileiros, 26% disseram ter outra doença inflamatória, 22% tinham distúrbios cardíacos e 22% eram diabéticos. A doença também levou 44% dos pacientes a sofrer de ansiedade e 33%, de depressão.
Quanto ao tratamento, 64% dos brasileiros entrevistados disseram usar algum tipo de medicação, 60% praticam exercícios e 49% seguem dieta.
A artrite reumatoide é uma doença crônica, inflamatória e sem cura, que atinge cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil. A doença compromete as articulações e pode causar rigidez ou deformidade articular, tornando difícil para o paciente desenvolver atividades simples, como segurar um copo ou escovar os dentes.
Normalmente, a artrite reumatoide atinge primeiro as articulações das mãos e dos punhos, mas a evolução do quadro pode causar deformidades maiores, alcançando articulações mais centrais como cotovelos, ombros, tornozelos, quadris e joelhos e até comprometer a estrutura das articulações como ossos, tendões, ligamentos e músculos.
De acordo com Rina Giorgi, as pessoas que sentem dores na junta ou que apresentam inchaço persistente na articulação por mais de quatro semanas devem procurar um médico, de preferência um reumatologista. E devem evitar tomar remédio por conta própria, acrescentou a médica.