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Já no ano de sua inauguração, a Escola de Princesas já causara polêmica em razão dos valores tradicionalmente atribuídos às mulheres sob os quais é construída e, consequentemente, por não promover a igualdade entre os gêneros. O site da empresa diz, por exemplo, que “o passo mais importante na vida de uma mulher, sem dúvida nenhuma, é o matrimônio. Nem mesmo a realização profissional supera as expectativas do sonho de um bom casamento. Enfim, a ideia do ‘felizes para sempre’ é o sonho de toda Princesa”. O conteúdo completo pode ser visto aqui.
Ainda conforme o site da empresa, dois cursos são oferecidos por suas unidades. O Vida de Princesa se divide em 12 módulos e contempla temas como ‘A identidade da princesa’, ‘Os relacionamentos de princesa’, ‘Etiqueta de princesa’, ‘Estética de princesa’, ‘O castelo da princesa’ e ‘De princesa a rainha’.
No módulo ‘O Castelo da Princesa’, por exemplo, as garotas aprenderiam sobre limpeza e organização de ambientes, educação financeira, mordomia, prendas de princesa como costura e culinária, como lavar roupas, além de primeiros socorros. No ‘De Princesa a Rainha’, os conceitos ensinados contemplariam valores morais e princípios do matrimônio, à espera do príncipe (como se guardar), educação sexual e orientação sexual, além da ideia ‘ser a passageira ou a eterna’ na vida do príncipe encantado. O segundo curso oferecido pela escola é o Férias de Princesa que tem duração de uma semana e acontece no período das férias escolares.
Quando a escola surgiu, um dos princiapis questionamentos que Nathália de Mesquita precisou responder foi ‘por que só para meninas?’. Em entrevista concedida ao Saúde Plena em agosto de 2013, a pedagoga falou sobre os objetivos do projeto e prometeu uma escola para os meninos. Clique aqui e relembre o bate-papo.
Quando a notícia de que a capital mineira ganharia uma unidade foi divulgada, a design e escritora Bela Bordeaux pediu, pela página que a Escola de Princesas mantém no Facebook e conta com mais de 30 mil seguidores, para matricular o filho de 5 anos na escola. A autora do livro ‘Tenho dois papais’ argumentou que o menino gostava muito de brincar de princesas. Bela não tem filhos e, segundo ela, inventou a história para saber qual seria a reação da empresa. Como resposta, foi informada de que a escola era exclusiva para meninas, mas rebateu: ‘Apenas para meninas? Como é que vou explicar para o meu filho que ele não pode brincar de princesa só por que ele é menino?’. Foi então que os responsáveis pela página encerraram o assunto dizendo: “Isso é com você. Nós atendemos apenas meninas. Em breve teremos para meninos também. Ele espera!”.
Depois disso, Bela Bordeaux decidiu compartilhar a história em um post com os amigos, mas a repercussão foi, segundo ela, maior do que esperava. Ela diz que outras pessoas que tomaram conhecimento do caso foram à Fan Page da Escola de Princesas manifestarem suas opiniões. Fato é que o post foi denunciado, já não está mais disponível, mas Bela publicou um texto em que comenta a história.
Como não tem filho, Bela Bordeaux explica assim a sua atitude: “Em muitos casos, feministas se disfarçam de mães para testar a boa fé das empresas”. Ela conta que, desde que a Escola de Princesas foi criada, acompanha um pouco da história do projeto de Nathália de Mesquita. “Não tenho nada contra as meninas brincarem de princesa ou maquiagem, mas sempre achei horrível a ideia de doutrinar meninas para o casamento, é extremamente machista e pensei ‘vou testar essa escola quem sabe ela não deixaria um menino ser matriculado?’. Seria uma quebra de paradigma. Resolvi então postar o comentário na página para ver se a escola havia repensado seu papel”, afirma. Para ela, o que a escola faz é slut-shaming - termo muito usado pelo feminismo e que pode ser definido como o ato de influenciar uma mulher a se sentir culpada ou inferior se ela fugir de comportamentos sexuais que desviam de expectativas ditas tradicionais de seu gênero.
A escritora diz ainda que não achou grosseira a resposta dada pela página da Escola de Princesas e que tem recebido muitas mensagens de mães que apoiaram a iniciativa dela. A reportagem tentou conversar com Nathália Mesquita que afirmou que não vai comentar o assunto.
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