Nos últimos anos, o Ministério da Saúde tem observado redução nos índices de cobertura vacinais de alguns imunizantes.
Segundo dados da pasta, a incidência de coqueluche aumentou dez vezes em apenas três anos, casos de caxumba têm se tornado mais frequentes em Estados como São Paulo e Rio e um surto de sarampo acaba de atingir o Nordeste - o Brasil estava havia 12 anos livre da transmissão interna do vírus.
"É um engano os pais acharem que a criança não precisa da vacina porque a doença não é mais circulante. Com os deslocamentos de turistas e viagens dos próprios brasileiros, é possível ter contato com as doenças. Foi o que aconteceu no surto de sarampo no Ceará e em Pernambuco. O vírus foi provavelmente trazido por uma pessoa que viajou à Europa", diz
Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do governo. Sociedade Brasileira de Imunizações lança campanha sobre importância da vacinação Campanha de vacinação contra a gripe imunizou 68,5% do público-alvo; meta é 80% OMS diz que 22 milhões de crianças não receberam vacinas para prevenir doenças Aumento nos casos de rubéola nos EUA é resultado de pouca adesão à vacina Pediatras dos EUA podem se recusar a atender crianças não imunizadas Tire suas dúvidas sobre os sintomas da caxumba Surto de caxumba é o maior em São Paulo desde 2008 Número de casos de caxumba aumenta entre os jovens no Brasil No Dia Nacional da Imunização, infectologistas defendem vacinas para erradicar doenças Fundação elabora recomendações para aumentar vacinação de adultos e idosos Caxumba também afeta adultos e é preciso ficar atento Calendário Nacional de Vacinação terá nova programação este ano
Desde 2000, o Brasil não registrava casos de sarampo autóctones (quando a contaminação acontece dentro do País). Em 2013, houve surto nos dois Estados do Nordeste, o que fez o Brasil passar de dois casos em 2012 para 732 em 2014. A situação foi considerada controlada pela pasta há apenas dez dias.saiba mais
O ministério não tem dados nacionais, mas informações da secretaria estadual mostram que o Rio de Janeiro registrou até agosto 1.241 casos de caxumba, mais do que o dobro do número de todo o ano passado, quando 561 pessoas ficaram doentes. Em São Paulo, os primeiros oito meses do ano já acumulam quase o mesmo número de casos que todo o ano de 2014: 106 contra 118.
Explosão Mas o fenômeno que mais preocupa é a explosão de casos da coqueluche. Não por acaso, o crescimento de doentes acontece paralelamente à queda da cobertura da vacina pentavalente, que garante imunidade contra coqueluche, difteria, tétano, meningite e hepatite B. Entre 2010 e 2013, o número de infectados subiu de 605 para 6.368 e as mortes passaram de 18 para 109. No mesmo período, a cobertura vacinal caiu de 97,6% para 94,5%.
A maioria das vítimas tem menos de 1 ano de idade – elas não estão completamente protegidas, pois o esquema vacinal em três doses é finalizado aos 6 meses. Como o adulto pode ter a doença sem sintomas, muitas vezes são os pais que, sem saber, transmitem a bactéria. "O adulto perde a imunidade com o tempo e pode disseminar a doença sem perceber. A estratégia do ministério foi vacinar a gestante para que o bebê já nasça com imunidade, mas a adesão das mulheres é muito baixa", diz Jacy Andrade, professora de Infectologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).