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Os sintomas são bem conhecidos. “Apatia, falta de apetite, respiração ofegante e um ar de cansaço”, detalha Júnior Ortis, veterinário. É importante estar atento a esses sinais. A tosse, por exemplo, não é tão comum em gatos. “Os animais podem ficar inquietos, com a boca aberta e, em alguns casos, com a língua roxa”, afirma Gabriel Jacobina.
Em comparação com os cães, os gatos são bem mais assintomáticos. “Muitas vezes, eles passam a vida toda sem manifestar a doença e têm uma morte súbita”, afirma o veterinário Vitor Benigno, especialista em felinos. Em casos de emergência, leve o bichano imediatamente ao veterinário. Qualquer tentativa de socorro sem conhecimento, inclusive a massagem cardíaca, pode ser fatal. “Na clínica, observamos se o pet tem sopro, dilatação ou outras alterações no coração”, informa Jacobina.
Entre as possíveis complicações, a cardiomiopatia hipertrófica felina é a mais comum. Ela é caracterizada pelo aumento indevido da musculatura cardíaca, comprometendo o relaxamento do órgão. “Está relacionada a fatores genéticos. É uma doença que pode se tornar grave, com episódios de insuficiência, edema pulmonar e até tromboembolismo”, alerta o especialista. O diagnóstico das cardiomiopatias é fechado com a combinação de exames complementares, por exemplo, eletrocardiograma com radiografias, exame físico e hemograma.
Zen, um gatinho sem raça definida, tem 9 meses e é cardiopata. Ele adquiriu uma cardiomiopatia hipertrófica duas semanas após uma cirurgia de castração. O quadro clínico não é comum na idade do felino. “Percebi que o Zen, que sempre foi muito ativo, começou a ficar anormalmente quieto e com a respiração extremamente ofegante”, conta Camila Queiroz, 32 anos, servidora pública.
O gato foi levado ao veterinário, que, inicialmente, suspeitou de uma infecção. Mas o problema era mais grave: a mascote acabou passando por uma cirurgia mais séria. “Zen ficou internado três dias. Depois de dias de tratamento medicamentoso em casa, ele se recuperou e voltou a agir normalmente”, comemora Camila. Há pouco mais de um mês convivendo com a doença, Zen leva uma vida normal. A dona tenta deixar o animal o mais confortável possível. “Ele não pode passar por situações estressantes. Nada de banhos e também não o deixo em hotéis quando viajo”, revela.
Ele toma medicação três vezes ao dia e faz acompanhamento com um especialista. A doença está controlada. Porém, o risco de morte ainda é grande. “A doença pode se complicar e ocorrer tromboembolismo. É como se fosse uma trombose humana. Só que, na veterinária, as complicações são ainda mais severas”, explica Vitor Benigno.
Apesar do coração mais frágil, o gato não tem nenhum outro problema de saúde. “Depois desse episódio, ele teve apenas uma micose no rosto, provavelmente por conta do estresse que passou de descoberta a doença. Foram raspados os pelos do rosto e da barriga”, diz Camila, que é dona também de Lola, uma gata de 7 anos totalmente saudável e que adora brincar com o Zen.
Não se fala em sedentarismo
Pets com problemas cardíacos devem ser acompanhados por especialistas e fazer exames periódicos. O tratamento é medicamentoso. “Alguns diuréticos, antiarrítmicos e dietas hipossódicas completam a prescrição”, ensina o veterinário Gabriel Jacobina.
Diferentemente dos humanos, os problemas cardíacos em gatos nada têm a ver com o sedentarismo. Apesar da predisposição, o animal não nasce com a doença, ele a adquire com o tempo. Por isso, não existe prevenção e o esforço é por realizar um diagnóstico precoce. O animal pode levar uma vida saudável mesmo sendo cardiopata, mas os tutores precisarão ser muito cuidadosos na hora de administrar os remédios. Uma última recomendação: procure não estressar o bichano.
Raças mais sensíveis
- Maine coon
- Persa exótico
- Ragdoll
- British shorthair