Aline Castelo Branco é diretora da empresa Mundo da Intimidade conhecida por idealizar cursos práticos voltados para melhorar a experiência sexual de casais heterossexuais. Ela já ministrou curso para mulheres de sexo oral e masturbação. E foi nessas duas experiências que recebeu das alunas pedidos de treinamento voltado para os homens. “Quando lançamos o primeiro curso em 2013, tivemos uma repercussão muito grande. Foram 300 mulheres capacitadas e muitas delas me questionaram sobre a modalidade voltada para homens e disseram que seus companheiros não sabiam fazer sexo oral e elas não conseguiam sentir prazer”, afirma.
Já no curso de masturbação para mulheres, que aconteceu há 15 dias, as reclamações voltaram a aparecer. Foi então que Aline decidiu divulgar a ideia do curso de sexo oral homens para ver como seria a reação. “Anunciei primeiro nas redes sociais onde começou o burburinho. Passamos, então, a receber e-mails de homens interessados. Só hoje pela manhã recebi 410. As mensagens chegam de forma muito positiva, elogiando a iniciativa e demonstrando interesse em aprender para dar prazer à companheira. Foi uma grande surpresa essa reação dentro do contexto machista no qual vivemos. Espero agora que essa quantidade de e-mail se reverta em presença e que não seja apenas uma euforia do momento. Para mim, essa recepção é uma prova de que estamos no caminho do rompimento de barreiras e os homens que estão aí se mostram dispostos a evoluir sexualmente”, observa.
As inscrições serão abertas em 1º de outubro. Em princípio são 60 vagas, mas Aline diz que é possível ampliar para 100. A educadora sexual diz que, por enquanto, não vai divulgar nem local nem preço e que os interessados devem enviar mensagem para cursosintimidade@gmail.com. “Temos recebido muitos pedidos de Minas Gerais para realizar o curso de sexo oral para homens no estado. Por conta dessa e de outras demandas estamos desenvolvendo uma plataforma para oferecer o curso via internet. É uma maneira de atingir todo o Brasil”, afirma.
Junto com sua equipe, da qual fazem parte ginecologista, urologista e sexóloga, e a partir das pesquisas que Aline desenvolveu no mestrado, além da própria experiência, a educadora sexual classificou três tipos de sexo oral em mulheres que estão equivocados e que podem ajudar os homens a identificar o que estão fazendo de errado. “O ‘Homem Lambida de Vaca’ é aquele que passa a língua de cima para baixo incessantemente, algo errado e que não dá prazer nenhum. Temos também o ‘Homem Sugador’, aquele que faz bico de peixe e fica tentando puxar o clitóris e que pode provocar dores terríveis na parceira. O terceiro é o ‘Homem Furadeira’, aquele que fica com o rosto para lá e para cá, sacudindo a vagina e o clitóris da mulher”, explica ela.
Sobre como se desenrolará o curso, Aline faz mistério e diz que não vai dar detalhes. “Posso dizer que os homens vão conhecer como é órgão genital da mulher, muitos deles só querem penetrar a vagina e desconhecem a anatomia feminina completamente. Eles vão aprender a diferença entre vulva e vagina, onde é o clitóris, quais os pontos erógenos ao redor do órgão genital da mulher e que podem ser explorados para aumentar a excitação. Para isso, utilizaremos próteses e fotos de diferentes tipos de vulva porque cada mulher tem um corpo diferente”, diz.
Ela revela ainda que está desenvolvendo um kit que será entregue a cada aluno e que servirá para auxiliar na prática. “O curso será ministrado por um homem que vai explicar sobre o movimento correto da língua e como proporcionar orgasmos vaginais e clitorianos”, explica.
Aline Castelo Branco aponta a ausência de uma educação sexual de qualidade para homens e mulheres como a grande barreira para a satisfação sexual na vida adulta. “Como pesquisadora, acredito e provo que a sexualidade é aprendida. Por isso, trabalho com os cursos. A pornografia é, até hoje, um processo pedagógico que o indivíduo usa para ‘aprender’ a se relacionar sexualmente”, salienta.
Há 10 anos trabalhando com a temática, ela acredita que a mulher está se propondo a se descobrir mais. “Cada vez mais elas têm buscado conhecimento em livros, filmes e vídeos educativos para entender a própria sexualidade. No entanto, essa busca é ainda mais voltada para dar prazer ao companheiro do que para a própria satisfação. Infelizmente ainda vejo muito isso. As mulheres precisam primeiro se empoderar do próprio corpo e do próprio prazer para depois pensar na satisfação do outro”, defende.