Duas pessoas que sofrem de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença que leva inevitavelmente a uma paralisia, foram equipadas com uma rede de eletrodos implantados no córtex motor, parte do cérebro que controla os movimentos.
Graças a estes eletrodos utilizados para decodificar os "sinais" emitidos por esta parte do cérebro, eles conseguiram, imaginando um movimento, deslocar um cursor sobre uma tela até um alvo, explica um grupo de pesquisadores universitários norte-americanos.
Este tipo de "prótese cerebral", que funciona graças a uma aparelhagem eletrônica, poderia "melhorar a qualidade de vida das pessoas paralisadas" permitindo controlar à distância computadores e até membros do corpo, escreveram os médicos na revista Nature Medicine.
BrainGate2
No conjunto de pesquisas realizadas pelo grupo de pesquisa BrainGate2 - cujo objetivo é desenvolver ferramentas para a mobilidade, comunicação e autonomia de pessoas com deficiência - um experimento similar já havia sido realizado em 2011 com uma outra pessoa paralisada.
Mas desde então o sistema de interpretação das ondas cerebrais foi amplamente melhorado para permitir um controle "mais rápido e preciso" do cursor sobre a tela, explicou Jaimie Henderson, da Universidade de Stanford, um dos autores do artigo.
A experiência atual pode parecer menos espetacular do que a feita em 2011, também no contexto no programa BrainGate2, por Cathy Hutchinson, uma norte-americana tetraplégica que conseguiu acionar um braço robótico graças a uma rede de eletrodos implantada no cérebro.
O programa BrainGate2 reúne diversos centros de pesquisa norte-americanos e "estuda diferentes caminhos para explorar os sinais do cérebro" a fim de permitir um dia que as pessoas paralisadas "consigam controlar aparelhos no seu redor", segundo Jaimie Henderson.
Pode ser o controle de um braço artificial mas também do cursor de um mouse, antes de poder talvez um dia restabelecer uma "ligação" entre o cérebro e o membro paralisado de uma pessoa tetraplégica.
O trabalho em questão representa "um avanço para um de nossos objetivos finais, que é o de permitir que uma pessoa (paralisada, ndlr) controle à vontade um computador mexendo um cursor e clicando", ressaltou ainda Jaimie Henderson.